A presidente Dilma tomou uma decisão pouco usual e, em meio à crise diplomática provocada pela revelação de possível espionagem de seus dados, decidiu antecipar em 24 horas, para as 22h desta segunda, a viagem à Rússia para reunião de G-20. “Vamos conversar com parceiros tanto de países desenvolvidos como dos Brics”, diz o chanceler Figueiredo, para verificar como “eles se protegem” e que tipo de “ações conjuntas” podem ser tomadas. Oficialmente, no entanto, não há informações sobre reuniões bilaterais da presidente com outros chefes de Estado antes da abertura do encontro com o G-20.
Um dos documentos vazados dos órgãos de investigação americanos coloca o Brasil numa espécie de lista de países que oferecem “riscos à estabilidade regional”. O grupo inclui ainda Turquia, Egito, Irã e México. Perguntado sobre o tema, Figueiredo declarou: “O Brasil é um país democrático, sólido, estável, numa região democrática. Está buscando convivência respeitosa e não pode admitir que seja considerado nem em sonho um País de risco.”
Autoridades brasileiras relutam em comentar medidas práticas que o País venha a tomar em função do episódio. Por enquanto, são três as iniciativas: cobrar explicações imediatas e por escrito do governo americano, levar o episódio a organismos da ONU, articular reação conjunta com outras nações vítimas do mesmo problema. Também está em estudo a criação de um “provedor de raiz” brasileiro, supostamente imune à espionagem estrangeira. Segundo o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, a resposta americana às reclamações brasileiras pautará a reação seguinte do governo.