O deputado Ademir Brunetto (PT) chamou os servidores da Secretaria de Saúde do Estado de irresponsáveis por centenas de medicamentos com prazo de validade vencidos no estoque da farmácia pública. Os remédios deveriam ter sido distribuídos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Os remédios não podem ser jogados em lixo comum. O governo será obrigado a respeitar as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sabendo que isso custará mais ao contribuinte”, enfatizou.
As medicações vencidas são de alto custo e destinadas ao tratamento de pacientes com doenças crônicas, como câncer, problemas neurológicos e outras doenças graves e que não podem ficar sem as dosagens e deveriam ter sido consumidos até dezembro de 2012. Outro lote de medicamentos venceu recentemente, em abril deste ano.
Segundo Brunetto, o governo estadual sabia da situação desde abril, quando venceu o segundo lote de medicamentos.
“Até parece uma maldição estarmos constantemente na mídia nacional sendo mostrados pelos problemas da saúde no Estado. O governo precisa reavaliar as medidas administrativas antecipando os fatos. O que não podemos é admitir um desperdício de dinheiro sem tamanho, isso é zombar da sociedade”.
O deputado citou ainda que o secretário pegou uma grande bomba quando assumiu a secretária. “Os problemas na saúde são tantos que a boa vontade do secretário está sendo abafada pelos constantes escândalos que vem se acumulando há tempos”, destacou.
Responsável pela a farmácia de alto custo, a organização social (OS) contratada pelo governo estadual, o Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (Ipas), explicou que os medicamentos foram perdidos devido a compra em quantidades acima da necessidade e que, devido à burocracia, as “sobras” próximas ao vencimento foram impossibilitadas de serem doadas ou permutadas.
Contudo, a empresa informou que não é de sua responsabilidade procedimentos como aquisição, gerenciamento de permutas e trocas de medicamentos, restando como sua tarefa apenas o gerenciamento do material disponibilizado pela SES na farmácia de alto custo.
Para Brunetto, nada justifica as perdas. “A empresa administradora foi irresponsável. Estes vencimentos deveriam ter sido previstos e evitados. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. O povo precisa de explicação, os doentes que necessitam dos medicamentos querem uma resposta, porque simplesmente jogaram o dinheiro público fora e quem vai pagar, como sempre, será a população”, enfatizou o parlamentar.
O Ministério Público iniciou uma investigação para averiguar o tamanho do prejuízo aos cofres públicos causado pela perda de medicamentos e identificar os responsáveis. A SES também abriu um processo administrativo interno para apurar o acontecido.