Daia Oliver/R7
Patrik trabalha duro em três sessões diárias para voltar aos campos depois de sofrer seguidas lesões no joelho
Patrik, que por sua semelhança com o sérvio Petkovic ganhou o carinhoso apelido de Pet, chegou ao time da Baixada com apenas 13 anos, em 2001. Conviveu com alguns dos expoentes da última geração dos Meninos da Vila, como Wesley, Neymar e Ganso, e traz no currículo o status de ter deixado o badalado camisa 10 no banco de reservas.
Tudo parecia caminhar para um roteiro parecido com o escrito por Neymar, jogador hoje avaliado em R$ 78 milhões (30 milhões de euros), e Ganso, cuja multa rescisória beira os R$ 130 mi. Mas, logo no primeiro treino como profissional, veio a primeira das três lesões no joelho, e a interrupção do sonho de brilhar com a camisa do time da Vila Belmiro.
Patrik subiu para a equipe principal com Emerson Leão e fez somente uma partida nos profissionais, em 2008, na derrota do Peixe para o Goiás, em plena Vila Belmiro, sob o comando de Cuca. Hoje, a única vantagem que leva em relação a Ganso é o fato de que talvez se recupere antes do colega da grave (e semelhante) contusão, pois, enquanto o camisa 10 vive a expectativa de retornar aos campos para comandar o Santos e assumir definitivamente seu lugar na seleção brasileira de Mano Menezes, Patrik sofre para dar a volta por cima.
O Menino da Vila que não deu certo realiza sessões diárias de fisioterapia em uma sala improvisada no estádio Municipal Valter Ribeiro, em meio aos empoeirados troféus do São Bento, time de Sorocaba, interior paulista, que disputa a Segunda Divisão do Estadual. Foi antes de iniciar mais um árduo dia de trabalho que Patrik recebeu a equipe de reportagem do R7 para um bate-papo.
– Me dizem que sou um guerreiro, por tudo o que já passei. Se não fosse o apoio dos meus pais [Mauro e Marisa], eu não sei se teria forças para tentar tudo de novo.
Ao lado de Cleiton Andrade, fisioterapeuta do time de Sorocaba e seu fiel escudeiro na recuperação, o canhoto se lembrou com carinho de seus tempos de Menino da Vila e de quando podia se orgulhar de deixar o talentoso PH Ganso no banco.
– Nos primeiros anos da base o Paulo Henrique chegou a ser meu reserva. Depois evoluiu e jogamos juntos nos juniores, em 2006, subindo para os profissionais no ano seguinte. Aí começaram as lesões, tive a infecção, fiquei um ano e meio parado e, quando voltei, essa geração já havia começado e não havia mais espaço para mim.
Mesmo chateado por ter ficado de fora de uma equipe que contagiou o futebol brasileiro no primeiro semestre de 2010, Patrik, que entre uma lesão e outra foi emprestado ao Comercial-SP e ao Uberaba, onde foi campeão da Taça Minas Gerais de 2009, não guarda rancor por não ter sido mais aproveitado na Vila.
– Todo mundo queria estar lá, e é lógico que eu queria ter feito parte dessa geração, mas eu penso que, se não foi para acontecer de estar lá com eles, é porque não era a minha hora. Oportunidade e apoio eu tive, mas as lesões não me deixaram jogar.
O reinício e a nova lesão
O garoto, que em Santos chegou a dividir um apartamento com Wesley, hoje no Werder Bremen, da Alemanha, revelou que continua mantendo contato com alguns atletas do Santos, como Paulo Henrique Ganso, mas sabe que dificilmente voltará à Baixada.
– O Jamelli [gerente de futebol do Santos] não me conhecia direito. Conversei com meu empresário e achamos melhor rescindir o contrato.
A saída de Marcelo Teixeira da presidência santista e a troca de todos os membros da diretoria colocaram um ponto final na passagem de Patrik pela Vila. O garoto deixou o clube em abril deste ano e foi tentar a sorte no São Bento, mas, mais uma vez, esbarrou em um velho problema.
Cleiton Andrade, que vem acompanhando sua recuperação, sintetizou o drama do jogador.
– A lesão que ele teve no joelho direito acabou sobrecarregando um pouco a outra perna. Quando chegou aqui, fez toda a reavaliação, mas em um jogo treino teve uma entorse. Girou sobre a articulação e o ligamento não sustentou.
Santista de coração, o garoto se emocionou ao ser questionado sobre quais são suas aspirações a partir do próximo ano, quando estiver recuperado, e prometeu provar a todos os que o apontaram como uma das novas joias raras da Vila Belmiro que ainda vai brilhar nos campos.
– Quero jogar a [Série] A-2 do Paulistão no ano que vem, tentar subir com o São Bento para a elite e, nisso, aparecer de novo para chamar a atenção dos clubes de maior expressão. Agora quero pensar em me recuperar bem para ter uma sequência sem lesões.