O delegado Márcio Pieroni, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu nesta quinta-feira (3) as novas investigações a respeito do assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral e já encaminhou relatório àa 15ª Vara Criminal da Capital, com cópia para a Justiça Federal.
Ele ouviu várias pessoas, a partir de denúncias feitas por um homem preso por crime de menor poder ofensivo. O delegado não quis comentar sobre as investigações, alegando se tratar de “segredo de Justiça”.
Segundo o Ministério Publico, com base num depoimento de que o magistrado estaria vivo, o processo foi reaberto e foi remetido para a Vara Especializada em Crimes Contra a Administração Pública.
Das diversas provas elencadas pela Polícia Federal, a única considerada nas novas investigações é o exame de arcada dentária, feito com base na fotografia da vítima.
Diante das dúvidas, o delegado solicitou exumação do cadáver, o que aconteceu na madrugada de quarta-feira (2).
O Ministério Publico Estadual e o Ministério Público Federal, foram contrários ao novo exame. No final da tarde de ontem, o Ministério Público conseguiu a suspensão na Justiça Federal. Hoje de manhã, os ossos do magistrado foram devolvidos ao cemitério de Poconé (104 km ao Sul de Cuiabá), conforme decisão Judicial.
Para o MPE, “é inadmissível" que esse exame da arcada dentária coloque em dúvida os vários exames de DNA já realizados e que ressaltam que o juiz Leopoldino Marques do Amaral está morto.
De acordo com o promotor de Justiça Arnaldo Justino da Silva, que atua no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), o entendimento do Ministério Público é de que a Justiça Estadual não tem competência para decidir em relação a esta questão, já que o processo que apurou o homicídio do juiz tramita na Justiça Federal.
“Eu e o representante do Ministério Público Federal fomos surpreendidos com a realização desta exumação”, reclamou o promotor.
Esquema
Leopoldino Marques do Amaral foi encontrado morto no dia 7 de setembro de 1999 – um mês e meio após denúncia um suposto esquema de venda de sentença no Judiciário de Mato Grosso -, numa vala, às margens de uma rodovia do município de Concepción, no Paraguai.
As irregularidades foram denunciadas pelo juiz em uma carta enviada, em junho de 1999, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário, então instaurada no Senado.