Roberta Sudbrack é uma cozinheira apaixonada por seu ofício. Essa paixão pode ser vista nos menus do seu RS, no Jardim Botânico: com insumos exaustivamente pesquisados e testados, provenientes de fornecedores/produtores artesanais, o cardápio é tratado por ela como uma “coleção”, a alta-costura da gastronomia.
E esse olhar atento, voltado há anos para a sustentabilidade e valorização dos produtos nacionais, não precisa ser exclusivo da alta gastronomia. E não é. Roberta prova que qualquer comida – inclusive a ‘de rua’ – pode e deve ser preparada com o mesmo cuidado, pesquisa e primor dedicado a salões elegantes e contas gordas. Como prova disso, há cerca de seis meses a chef inaugurou o Da Roberta, no Leblon.
Instalado numa antiga oficina de carros, o Da Roberta vende alguns dos melhores sanduíches do país. Alguns dos melhores sanduíches que já comi. Ponto. Além do inegável talento da chef na criação das receitas, o que faz toda a diferença no resultado muito acima de média são os ingredientes. A excelência dos ingredientes 100% artesanais, sem corantes, conservantes e outros ‘antes’. Produzidos do zero, por quem entende e respeita o que faz.
Os ótimos pães são preparados por Marcos Cerutti (SPA Pane) – de fermentação natural, ‘envolvem’ o brisket e o pastrami – e por Beto Abrantes (cachorros-quentes). Salsichas, linguiças e pastrami saem das mãos de Patrícia Polato, da Linguiçaria Real Bragança. Os queijos vem de Pernambuco, especificamente da Serra das Russas.
O negócio no Da Roberta é chegar cedo e aguentar a fila constante tomando uma cerveja Jeffrey criada especialmente para a lanchonete. Uma vez de posse do seu sanduba, lambuze-se e seja feliz. Comece com as gordinhas batatas-bolinha cozidas e fritas, coberta por avelulado e delicado aioli de urucum (R$ 15). Não importa o seu pedido, elas vão bem com tudo.
A lista de sanduíches muda com certa frequência: a chef é inquieta e vive colocando novas opções. Entre os mais vendidos estão o SudDog (salsicha picante, queijo pernambucano derretido, R$ 25), o SudChilli Dog (Chilli de pernil na cerveja, salsicha tipo Frankfurt artesanal e queijo pernambucano derretido, R$ 27) e, o rei das fotos no Instagram, Pastrami artesanal com queijo pernambucano em pão de fermentação natural (R$ 28).
De chorar de bom, o brisket (peito de boi) é assado com rapadura, fatiado, colocado sobre pão de centeio com repolho mantecato e regado por fondue de queijo Comté pernambucano e aioli de urucum (R$ 28). Palmas.
Há ainda Chori (duas linguiças- choripán – artesanais, chimichurri, R$ 25), Pita Falafel (Falafel e molho com receitas secretas e verduras, R$ 28), Pita Keftedes (hambúrguer grego – mais me parecem mini almôndegas lindamente temperadas e suculentas-, molho secreto e verduras frescas, R$ 36) e Baobá (linguiça meio picante, tomate, fondue de queijo Comté pernambucano e aioli de urucum (R$ 28).
Para terminar com os dois pés lindamente enfiados na jaca, não perca o bolo molhadíssimo de chocolate coberto por ganache de chocolate (R$ 18).
Comida boa é comida preparada com bons ingredientes. E isso fica evidente por ali.