O iminente fim do FPT (Fútbol Para Todos), programa criado pelo Governo argentino na gestão Kirchner para a transmissão dos jogos do campeonato local e que vai acabar oficialmente em janeiro de 2017, segue aterrorizando as equipes da Argentina.
Já prevendo um caos financeiro ainda maior após a presidência do país rescindir o contrato do programa, representantes dos clubes pedem para os políticos tomarem providências e auxiliarem de outra forma, ou o Campeonato Argentino de 2017 terá que ser adiado.
Com o encerramento do FPT, ainda não se sabe como ficará a divisão do dinheiro de TV para os 30 participantes da primeira divisão argentina. As cotas, aliás, nem vem sendo pagas desde maio pela AFA (Associação de Futebol Argentino), segundo acusaram alguns times.
Desesperados, cartolas reclamam que estão “de joelhos” esperando o presidente Mauricio Macri dar alguma luz sobre o que fará para manter a saúde financeira das equipes em dia.
O grande problema é que os clubes não estão conseguindo vender os direitos de TV do Campeonato Argentino para nenhum canal interessado pelo que desejam receber.
Com isso, não há qualquer possibilidade de fazer um planejamento para 2017, já que as equipes não sabem nem quanto (e nem se vão receber) qualquer dinheiro da televisão.
“Fizemos uma reunião hoje e conversamos sobre a pobre oferta feita pelo Governo para rescindir o FPT. Estamos de joelhos, esperando que fiquemos ainda mais necessitados para fazer o que eles querem. Estão nos extorquindo”, disparou o presidente do Vélez Sarfield, Raúl Gámez, segundo o jornal Olé.
“(Mauricio) Macri (presidente da Argentina) é um menino mimado, que quer conquistar coisas que nos tempos de Boca Juniors [Macri foi presidente do Boca] não conseguiu. Dessa forma, o campeonato não tem condições para começar em fevereiro”, completou Gámez, já prevendo um adiamento do torneio enquanto não for resolvida, pelo menos de maneira paliativa, a crise financeira que envolve clubes, Governo, televisão e a AFA.
“Hoje, é muito difícil que o campeonato seja iniciado em 2 de fevereiro”, finalizou.
A queda de braço entre Governo, que não quer mais dar dinheiro aos times (inclusive acusando os dirigentes de serem corruptos e desviarem verbas), e as equipes, que querem continuar recebendo algum tipo de apoio público para contornarem o difícil momento econômico pelo qual a Argentina passa nos últimos anos, fez inclusive uma celebridade da televisão local entrar na guerra para tentar salvar as agremiações.
Trata-se de Marcelo Tinelli, uma espécie de “Faustão argentino”, que é torcedor fanático do San Lorenzo e inclusive já se candidatou à presidência da AFA no final de 2015. Via Twitter, ele disparou uma série de críticas contra Macri e a recusa de ajudar os times financeiramente após o fim do FPT, marcado para o próximo dia 31.
“Basta de dizer que os dirigentes de futebol são ‘pidões’ e que os clubes têm que fechar as portas. Isso é uma mentira. Seguramente no futebol, assim como na política, há gente desonesta, mas a função social e desportiva dos clubes é maravilhosa”, afirmou.
“Somos em grande maioria dirigentes honestos, colocamos dinheiro do nosso próprio bolso para manter vivos nossos clubes e ajudar socialmente”, detonou Tinelli.
A crise, no entanto, parece longe de ter fim, ou qualquer tipo de solução.