A situação do prefeito de Dom Aquino (166 km ao Sul de Cuiabá), Eduardo Zeferino (PR), se complica cada vez mais. Acusado de abusar sexualmente de, pelo menos, 13 crianças da faixa etária de 7 a 10 anos, o político foi denunciado pelo Ministério Público e é investigado pela Polícia Civil. A Câmara Municipal deve instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para também investigar o caso.
Em entrevista à TV Centro América (Globo/4), uma das crianças que, segundo investigação da Polícia Civil, foi violentada pelo prefeito, contou como Zeferino agia com as meninas. "Ele me chamou, falando que iria me dar uma balinha. Aí, eu fui… Quando cheguei lá, eu disse: cadê a balinha? Ai, ele falou: não tem balinha não, neném. Ai, ele já começou a tirar a minha roupa", contou a menina, de 10 anos.
Para a avó de uma das vítimas, Maria de Fátima Rosa de Lara, é inaceitável uma pessoa que cometeu tanta violência contra crianças ainda esteja em liberdade. "Eu quero Justiça. Quero que ele pague por tudo que ele fez com a minha neta. Quero que ele vá preso", afirmou Maria.
Segundo o fazendeiro Edimício de Lima, pai de uma das vítima, a sua família vem recebendo ameaças constantes por parte de Zeferino. "Minha filha foi violentada por Eduardo quando ela tinha 5 anos. Logo quando a minha mulher descobriu, ela foi atrás. Ele ameaçou a minha família, dizendo que, se ele fosse preso, ele iria matar a criança e a minha mulher com um tiro na cabeça", contou o pai, sem esconder a preocupação.
O político é acusado de abusar sexualmente de, pelo menos, cinco meninas com idade entre 7 e 10 anos, conforme denúncias registradas pela Polícia Civil local. As próprias crianças, em depoimentos, confirmaram os abusos praticados pelo prefeito, segundo as informações.
CPI na Câmara
A Câmara Municipal de Dom Aquino deve instalar, ainda nesta semana, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de pedofilia contra o prefeito.
O vereador Sérgio Maia, do mesmo partido do prefeito, sugeriu a abertura de uma comissão para investigar o caso, mas a proposta não foi votada porque, segundo o Regimento Interno, o requerimento teria que ser apresentado 48 horas antes do expediente. A criação da CPI vai ser votada na próxima sessão.
Na semana passada, o Conselho Tutelar de Dom Aquino entregou ao Ministério Público Estaduial novas denúncias de abuso sexual contra meninas de 7 a 10 anos. Além das cinco vítimas já identificadas pela polícia, outras 11 crianças também podem ter sido molestadas.
Crianças que participavam de um projeto social do prefeito Eduardo Zeferino, denominado "Batutinha", conforme MidiaNews revelou, também teriam sido molestadas. A Polícia Civil abriu inquérito e a Promotoria da Infância e da Juventude acompanha o caso.
delegado da Polícia Civil da cidade, Fernando Vaz, que reassumiu o cargo nesta semana, vai ouvir novas testemunhas e apresentar o relatório final do inquérito no prazo de 10 dias.
Mais denúncias
Como o site revelou, no final da semana passada, em um dos casos mais graves de pedofilia em Mato Grosso, a Polícia Civil vai descobrindo novos detalhes envolvendo o prefeito Eduardo Zeferino. Além das cinco vítimas já identificadas pela Polícia Civil, outras 11 crianças também podem ter sido molestadas por ele.
De acordo com a Polícia, as outras meninas que podem ter sido vítima de abuso sexual têm idade entre 7 a 11 anos e participaram do projeto social criado pelo prefeito.
Segundo informações de testemunhas, Zeferino formou um grupo do qual podiam participar apenas crianças de até 12 anos. Há, ainda, a informação de que o crime teria sido praticado, também, antes de ele ser eleito.
Ameaça de morte
O prefeito estaria ameaçando de morte as famílias das vítimas. "Estamos com muito medo. Ele ameaçou a minha família… Tá gerando uma insegurança de sair de casa, de deixar as crianças sozinhas. Temos medo de deparar com alguém que pode nos matar", afirmou uma das mães, que não não identificada por questões de segurança, em entrevista à TVCA, na semana passada.
O prefeito de Dom Aquino deve ser intimado para prestar depoimento. Além de se defender das acusações de abuso sexual, ele também vai ter que responder perguntas sobre supostas ameaças, que teriam sido feitas aos pais das crianças.
"Eu sugeri ao procurador-geral de Justiça que peça a prisão preventiva deste prefeito, porque ele tem poder político e tem poder econômico", afirmou o promotor da Infância e da Juventude, José Antonio Borges.
A previsão de conclusão do inquérito é de 30 dias. O prefeito continua trabalhando normalmente na cidade. Segundo o delegado, ele nega todas as acusações.
