Cúpula União Europeia-América Latina deve ter muita conversa e pouco resultado

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Alberto Martin - 17.mai.2010/AFP

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  • Foto por Alberto Martin – 17.mai.2010/AFP
A argentina Cristina Kirchner discursa durante jantar oferecido pelo príncipe Felipe, da Espanha, aos líderes da Europa e da América Latina, em Madri

 
Representantes de 33 países das Américas e de 27 nações da Europa abriram nesta terça-feira (18), em Madri, na Espanha, a 6ª Reunião de Cúpula América Latina e Caribe-União Europeia (ALC-UE). A agenda de discussões é extensa. Assim como nos encontros anteriores do grupo, espera-se muito debate e poucas resoluções. A maior polêmica em relação à cúpula, até agora, é a ausência forçada de Honduras, cujo governo não é reconhecido pela maioria dos líderes latinos.

 

O que já é dado como certo é a assinatura de um tratado comercial entre a União Europeia (UE) com a Colômbia e o Peru.

Em artigo publicado nesta semana, a influente revista britânica The Economist lembra que o primeiro encontro ALC-UE, em 1999, acordou uma "parceria estratégica" com 55 "prioridades", que iam de direitos humanos a turismo. A publicação diz que muito pouco do que foi acertado saiu do papel. Para a revista, uma das poucas mudanças deste para os encontros anteriores se refere ao Brasil, que senta à mesa de negociação com um peso diplomático bem maior.

O presidente Lula deve estar no centro das atenções em Madri. Ironicamente, não será nenhum assunto latino-americano que lhe dará destaque, mas sim o acordo nuclear assinado entre Brasil, Irã e Turquia nesta segunda-feira (17) em Teerã.

Honduras provoca polêmica no encontro

Embora não esteja oficialmente na agenda, a questão de Honduras deve ser discutida entre os líderes presentes à cúpula.

O presidente Porfírio Lobo chegou a ser convidado pelo governo espanhol, que organiza o encontro, mas acabou desistindo de ir à cúpula depois que vários países latino-americanos, inclusive o Brasil, ameaçaram boicotar a reunião, uma vez que não reconhecem o governo de Honduras. Lobo foi eleito em novembro de 2009, em eleições organizadas pelo governo golpista de Roberto Micheletti.

 

O Brasil e países da América do Sul e do Caribe querem a manutenção da suspensão de Honduras da OEA (Organização dos Estados Americanos) até que Lobo dê anistia ao ex-presidente Manuel Zelaya. O atual líder hondurenho concedeu perdão político a integrantes dos grupos que participaram do golpe de Estado em 28 de junho de 2009, que levou à deposição de Zelaya.

 

Economia deve dominar cúpula

Embora a reunião ALC-UE tenha começado nesta terça-feira, um encontro separado entre a UE e o Mercosul já ocorreu nesta segunda-feira (17). Os representantes europeus, bem como o presidente Lula, a argentina Cristina Kirchner e líderes de Uruguai, Paraguai e Venezuela retomaram as negociações para um tratado de livre comércio entre o bloco europeu e o sul-americano.

As exportações do Mercosul à União Europeia atingiram, em média, R$ 100 bilhões (US$ 55 bilhões), de 2006 a 2008. Os países do bloco europeu são também os principais investidores diretos na região do Mercosul. Qualquer negociação para um tratado, no entanto, corre o risco de naufragar, uma vez que os próprios sócios do Mercosul tomem medidas que vão contra as orientações do bloco.

A crise grega também deve entrar em pauta. O alto nível de endividamento da Grécia, assim como o risco de "contaminação" por parte de Portugal, Irlanda, Espanha e Itália ameaçam a estabilidade do euro, a moeda única europeia. 

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