Em duas votações consideradas apertadas, a CPI mista do Cachoeira decidiu não convocar o ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot.
No entanto, a comissão confirmou, por unanimidade, a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de dados dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
Nos dois casos, o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), considerou não ser o momento mais adequado para a realização dos depoimentos, o que gerou protestos principalmente de alguns dos parlamentares do PSDB, do DEM e do PDT, que ameaçaram deixar a reunião em protesto.
Os requerimentos relativos à convocação de Pagot foram rejeitados por 17 votos a 13. Cunha afirmou que a CPI vai ouvir o ex-diretor do DNIT segundo a conveniência da comissão e não conforme o desejo do próprio Pagot, que disse, em entrevista à imprensa, estar disposto a falar aos congressistas.
– Se quiser denunciar algum crime, tem meios para isso e pode procurar a Polícia Federal. A conveniência ou não da declaração dele pode ser motivada por interesses políticos e partidários – afirmou.
Para o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), chamar Pagot seria discutir contribuição de campanha eleitoral, o que não é foco da CPI.
– É um erro político convocá-lo agora. O maior trabalho desta comissão é avaliar dados – afirmou.
Fio desencapado
O senador Pedro Taques (PDT) lembrou que Pagot é um “fio desencapado” e a CPI está com medo dele.
De acordo com o pedetista, a comissão de inquérito tem três núcleos: Carlos Cachoeira, os agentes políticos e os empresários. Daí, segundo ele, a necessidade de convocação de Cavendish e Pagot.
"A Delta recebeu R$ 4 bilhões do Governo em menos de 10 anos, principalmente por meio do DNIT. Não ouvi-los neste momento é transformar isso aqui numa CPI café-com-leite, numa farsa. Se ouvimos os governadores, por que não fazer o mesmo com Cavendish e Pagot? Qual o receio?", observou o senador do PDT
O depoimento de Fernando Cavendish foi rejeitado por 16 votos a 13. Ao justificar a decisão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou que está na hora de a CPI se dedicar ao grande volume de documentos e informações já recebidos para evitar a realização de outros “depoimentos infrutíferos”.
"Corremos o risco de sermos desmoralizados de novo. Ou alguém acha que Cavendish chegará aqui disposto a falar tudo o que sabe?",– questionou Ciro Nogueira.
Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) defendeu não só a convocação de Cavendish, como também a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do empresário:
"Ele afirmou que compra políticos e pode comprar um senador por R$ 6 milhões. É urgente, inadiável e imprescindível a oitiva deste homem. Estamos preparados sim para interrogá-lo, e os depoimentos, no mínimo, jogam luz para a opinião pública", argumentou.
Com informações da Agência Senado.