APÓS REPORTAGEM Investigações sobre grilagem de terras começaram em 2009

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Welington Sabino/ GD


As investigações que resultaram na Operação Terra Prometida deflagrada pela Polícia Federal (MF) nesta quinta-feira (27) tiveram início há 6 anos depois que uma reportagem foi exibida nacionalmente em 21 de setembro de 2009. À ocasião, foi denunciado um esquema criminoso de compra e venda de lotes, ameaças, invasão de terras da União e crimes ambientais praticados no Projeto de Assentamento Itanhangá/Tapurah. Naquele mesmo ano o Ministério Público Federal (MPF) requisitou a instauração de um procedimento criminal para apurar as denúncias.

Foto/João Vieira

Diante dessa requisição, em 24 de junho de 2010 foi instaurado pela Superintendência de Polícia Federal de Mato Grosso o procedimento. Na sequência, em 20 de março de 2013 foi instaurado um inquérito policial visando apurar a materialidade e autoria de crimes de invasão de terras da União, quadrilha, ameaça c estelionato majorado. Atualmente, estima-se que 80 fazendeiros estão reconcentrando ilegalmente cerca de mil lotes da União. As investigações apontam que a fraude pode alcançar R$ 1 bilhão, em valores atualizados.

Os crimes foram atribuídos, inicialmente, aos irmãos Osmar. Oscar, e Luiz Bento Versari, bem como ao advogado Valmir Fogaça, ao ex-prefeito Vali Campagnolo, ao vereador Silvestre Caminski, ao empresário Donizete Casavechia a Gentil Piana e a Jeová Pereira. Todos foram acusados de supostamente terem promovido a invasão e negociação indiscriminada de lotes, além de quadrilha estabelecida no local para ameaçar de morte e expulsar diversos agricultores que receberam lotes do Incra no Projeto de Assentamento Itanhangá/Tapurah.

Com forte indícios apurados até então acerca da prática dos crimes, a Polícia Federal resolveu pedir a prisão preventiva de 50 pessoas, entre elas Odair Geller e Milton Geller, ambos irmãos do atual ministro do Ministério da Agricultura, Neri Geller. Por sua vez, o MPF só considerou desnecessária a prisão de 1 dos investigados. Além dos indiciados pela PF, o Ministério Público Federal também pediu a preventiva de outras 33 pessoas investigadas.

A PF justificou a necessidade das prisões preventivas ou temporárias para a garantia da ordem pública, haja vista o sentimento de insegurança e medo assolando à região de Ilanhangá; por conveniência da instrução criminal em face do risco de destruição de provas e de ameaças ou atos atentatórios a testemunhas. Destacou ainda a necessidade de assegurar a aplicação da lei penal, ante o risco de fuga.

No decorrer dos trabalhos foram intimadas e ouvidas mais de 70 pessoas, entre suspeitos, vítimas e servidores públicos, de forma que os investigados estariam prevenidos e, provavelmente, se articulando para a destruição de documentos e/ou transferência de provas para outros tocais. A PF ressaltou, inclusive, recebeu uma chamada anônima comunicando que o presidente do Sindicato Rural de Itanhangá, Leciano da Silva, estaria transferindo arquivos e documentos do sindicato para a residência de seu pai, morador da cidade de Diamantino.

Diante das circunstâncias, os pedidos de prisões foram decretados pelo juiz federal Fábio Henrique Rodrigues de Moraes Fiorenza, da Vara de Diamantino, no dia 25 deste mês. Para cumprir as ordens judiciais, a Polícia Federal deflarou a operação.

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