Ansiedade e depressão fazem pessoas ficarem viciadas em chocolate

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Um chocólatra come pelo menos 300g a 500g de chocolate por dia

 
O Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) convoca maiores de 18 anos que se consideram viciados em chocolate a participar de um estudo que pretende levantar as causas da compulsão. Serão dez encontros quinzenais no próprio instituto, localizado na região central de São Paulo, às segundas-feiras, das 10h às 11h30. Durante os encontros, os pesquisadores vão incentivar diálogos sobre o tema e oferecer chocolates aos participantes.

Apesar de o termo “chocólatra” ser usado popularmente por quem apenas gosta de chocolate, comer demais a guloseima pode ser sinal de compulsão ou mesmo um distúrbio alimentar que requer tratamento clínico e psiquiátrico. Isso porque o produto vira uma válvula de escape para pessoas com ansiedade ou depressão, que alteram os níveis de serotonina do cérebro, responsáveis pelas sensações de prazer. 

Segundo o psiquiatra Arthur Kaufman, líder da pesquisa do Programa de Atendimento ao Obeso do Ipq, a pessoa pode ser considerada viciada em chocolate quando come o doce todos os dias, em bastante quantidade e em um curto espaço de tempo. A vontade incontrolável de ingerir a guloseima é característica comum à compulsão alimentar.

– Um chocólatra é aquela pessoa que come de 300g a 500g de chocolate por dia, mas tem gente que chega a comer 1kg.

Doce vira "muleta" para aliviar o estresse 

Outro fator comum ao chocólatra é usar o doce para aliviar momentos de tensão, explica Kaufman.

– O chocolate libera um neurotransmissor chamado endorfina, o mesmo que é liberado quando se faz muitas horas de academia, que dá sensação de prazer, porque ativa a liberação da serotonina, responsável pelo humor. Quem come chocolate tem melhora imediata do humor.

A economista Carolina de Oliveira, de 25 anos, é chocólatra assumida. Funcionária de uma grande empresa de telecomunicações, sua carga de trabalho diário costuma ser intensa.

– Quando eu não estou estressada como uns quatro ou cinco chocolates. Mas se eu estiver, é mais de dez. Chego a perder a conta.

A predileção de Carolina pelo doce chega afetar outras refeições. Ela disse que gosta de trocar o almoço por uma barra. Tanto que em um antigo trabalho chegou a cultivar uma gaveta repleta de chocolates em sua mesa de trabalho. Questionada se se considera viciada, a economista não titubeou.

– Sou muito chocólatra. Eu entrei de dieta e consegui ficar sem chocolate por no máximo sete dias e meio. Não ligo de não comer comida, mas não dá para ficar sem chocolate.

A troca de alimentos por chocolate é outro fator comum entre os chocólatras, de acordo com o endocrinologista Leila Maria Batista de Araújo, vice-presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). Isso porque, segundo ela, o vício em chocolate já sinaliza que a pessoa tem uma alimentação desregrada.

– Não deixa de ser um distúrbio alimentar. As pessoas se privam de uma alimentação adequada e, para não se frustrar, tentam comer o chocolate.

Neste grupo, a médica inclui até as celebridades que, mesmo apresentando belos corpos, dizem abusar da guloseima.

– O indivíduo que faz dietas exageradas se priva de coisas importantes, o que gera uma desregulação na operação do metabolismo, alterando os níveis de serotonina. E isso faz ela querer comer muito doce, porque abe que vai ficar mais calma.

Tratamento é feito com moderador de apetite ou antidepressivos

Se for comprovada a compulsão pelo chocolate, o tratamento deve ser realizado como o de qualquer outro distúrbio alimentar, com medicação que limite a vontade de comer descontroladamente. Segundo a endocrinologista da Abeso, são indicados remédios a base de sibutramina (moderador de apetite) ou antidepressivos como a fluoxetina.

– Se a pessoa é obesa, damos a sibutramina para ela perder peso. Se sofre de transtorno de ansiedade ou é depressiva, damos a fluoxetina que vai tentar normalizar os níveis de serotonina.

Junto aos medicamentos, o ideal é receber também orientação psicológica ou psiquiátrica. Para a psicóloga Cecília Zylberstajn, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a psicoterapia é importante porque age na parte emocional, ajudando a pessoa a reconhecer seus sentimentos que levam à compulsão.

– A terapia vai ajudá-la a identificar os problemas existentes que podem influenciar na mudança do comportamento.

 


 

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