De um total de 1.184 conflitos no campo que aconteceram no Brasil em 2009, 622, ou 52%, ocorreram na Amazônia Legal (Região Norte, mais Mato Grosso e parte do Maranhão), aponta estudo divulgado esta semana pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). O total nacional cresceu em 2009 em relação a anos anteriores – são mais de três conflitos no campo por dia, em média.
Quando se analisam os dados relativos à natureza da violência, como, por exemplo, os assassinatos no campo, a Região Norte tem 52% do total, sendo que 22% deles ocorreram no estado do Pará. Na Amazônia Legal, ocorreram cerca de 68% dos assassinatos, 67% das tentativas de assassinato e 83% das ameaças de morte.
Em relação ao número de famílias nestes conflitos de terra, 51% delas, (42.373 de 83.058), estão na Amazônia Legal e, somente no estado do Pará, 22% delas (17.851). Também estão nessa região 96% das terras em disputa (145.000 km²) e 37% das famílias expulsas de terras, além de 41% daquelas que foram objeto de ação de despejo.
Ainda estão na região 65% das famílias ameaçadas de despejo; 69% daquelas que enfrentaram tentativas de expulsão; 53% das famílias que tiveram suas casas destruídas; 85% daquelas cujas roças foram, também, destruídas; 68% cujos bens foram destroçados; e, 45% das famílias que sofreram ações de pistolagem.
As famílias envolvidas em conflitos se concentram no Pará, Mato Grosso e Roraima. Na Amazônia também se concentraram 164 das 240 ocorrências de trabalho escravo, 3.217 dos 6.231 trabalhadores submetidos a situações análogas à escravidão, e 1.262 dos 4.283 trabalhadores libertados.
A CPT é uma instituição vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem como objetivo declarado apoiar a organização dos trabalhadores rurais, para que possam defender suas causas.