Aborto em 12 semanas é mais seguro e pode ser realizado com remédio, dizem médicos

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Especialistas afirma que período de segurança varia de país para país


Vanessa Sulina

ThinkstockCFM quer liberar aborto até três meses

Na quinta-feira (21), o Conselho Federal de Medicina rompeu o silêncio em relação a um tema espinhoso  e defendeu a liberação do aborto dentro de 12 semanas de gestação. O anúncio gerou polêmicas mas os médicos especialistas  ouvidos pelo R7 confirmam: um aborto até 12 semanas de gravidez é  “mais seguro” e pode até mesmo ser realizado com remédios.

De acordo com o ginecologista e obstetra e, presidente da Comissão Nacional Especializada em Violência Sexual e Interrupção da Gestação Prevista por Lei da Febrasgo, Cristião Fernando Rosas, quanto menor o período de gestação ou  a idade gestacional, menor é a “taxa de complicações e mortalidade”.

— Em gestações abaixo de oito semanas, o risco de mortalidade de é de 0,00001. Acima de nove ou dez semanas, aumenta um pouquinho. De 20 semanas em diante, aumenta mais um pouco. Nesse período [12 semanas], a eficácia fica próxima dos 100% com tratamentos com remédios, sem a necessidade de intervenção cirúrgica. 


Porém, segundo o médico, este tempo de gestação para se realizar um aborto varia de país para país, segundo Rosa. A lei da Itália, por exemplo, admite que tal procedimento em até 24 semanas. Já a Suécia admite 18 semanas e Portugal 10 semanas.

Já um aborto realizado acima dos três meses, poderá ser necessário fazer “dilatação do colo do útero”, segundo o professor da Unicamp (Universidade de Campinas) e coordenador do Grupo de Trabalho sobre Prevenção do Aborto Inseguro da Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras, Aníbal Faundes.

— Tal procedimento poderá aumentar o risco de parto prematuro nas gestações seguintes.


Além disso, para o presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Roberto d´Ávila, muitos geneticistas e especialistas entendem que é depois do terceiro mês que o sistema nervoso central do embrião vai se formar.

— Eles entendem que este prazo é o limite em termos de funcionamento completo do feto. A partir de então, o feto poderia ter todas as sensações e sentimentos, teria a possibilidade de neurologicamente ser atingido e perceber essa violência.

Técnicas

Atualmente, há dois tipos de técnica para realização do aborto. A primeira delas é o uso de remédios e a mulher poderá abortar em casa. De acordo com Rosas, após ser medicada, ela começa a sentir “cólicas, depois começam o sangramento”, e por último ela vai ao hospital fazer a “revisão” para ver se está tudo bem com seu corpo.

— Abaixo das dez semanas é perfeitamente seguro fazer em casa. Na grande maioria dos casos, 93% das mulheres, não precisa fazer nenhum outro procedimento posterior, como a curetagem [raspagem de resíduos que ficaram no útero], por exemplo.

Já o procedimento cirúrgico, a pessoa não vai passar por todo este processo, segundo o médico. 

— Há mulheres que não querem passar por esse processo em casa porque não quer que a família saiba. Então, ela vai ao hospital, se interna, faz a operação e a vantagem que no dia seguinte ou fim da tarde vai embora.

Mulher pode engravidar normalmente após aborto

Quando o aborto é realizado com as técnicas corretas e em lugares apropriados, a mulher não sofrerá nenhuma consequência e muito menos terá dificuldades posteriores, caso queria engravidar, como explica Faundes.

— A mulher pode engravidar imediatamente após o aborto, já que a primeira ovulação [período em que a mulher engravida] pode ocorrer tão logo como 10 dias após o aborto. Por isso se recomenda que a mulher saia do local em que se praticou o aborto com um método anticoncepcional de alta eficácia.

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