O suplente de deputado federal, Ságuas Moraes, retornou ao comando da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), após permanecer afastado desde abril de 2010 para concorrer à eleição daquele ano.
A Educação é a pasta que concentra mais recursos para investimentos. Conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA), o setor vai ter orçamento de R$ 1,4 bilhão para administrar. Desse valor, 83% são gastos com a folha de pagamento dos servidores.
O governador Silval Barbosa (PMDB) admitiu que a mudança não se deve a uma insatisfação com os trabalhos da ex-titular, Rosa Neide, que voltará ao cargo de secretaria-adjunta, mas à decisão do Partido dos Trabalhadores (PT) de alterar a indicação do seu representante em cargo de primeiro escalão do Estado.
"Quem ajuda a ganhar eleição também ajuda a administrar. Cabe ao PT indicar algum representante para a Secretaria de Educação. O partido optou pela mudança na indicação e estamos atendendo. Agora, espero que o foco seja o alcance de resultados positivos e acredito na capacidade do Ságuas Moraes", disse.
Apesar do mau desempenho dos estudanteso no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o que reflete numa má colocação de Mato Grosso, que figura na lista dos piores Estados, ao entregar o cargo, Rosa Neide se eximiu de culpa e pregou que a Educação em Mato Grosso "caminha bem".
"Somos o segundo melhor colocado na fase do ensino primário e o quinto na educação fundamental. O ensino médio realmente vai mal, mas não é uma exclusividade de Mato Grosso, que já é um Estado reconhecido pela excelência na formação de professores e no plano de carreira. Estamos trabalhando incansavelmente para eliminar os problemas", afirmou.
Por outro lado, Ságuas Moraes pregou, em discurso, que aguarda a aprovação, pelo Congresso Nacional, do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê gastos de até 7% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional em Educação, para alavancar a qualidade do ensino público.
"Para corrigir a deficiência do ensino médio, precisamos de uma forte parceria com o Governo Federal. Espero a aprovação deste projeto para melhorar o financiamento dos Estados na Educação", disse.
O petista ainda ressaltou que há uma dificuldade do poder público em contratar professores especializados em Matemática, Física, Química e Biologia, mas espera viabilizar projetos nesta área. "Espero ampliar a construção de laboratórios das escolas públicas para aprender melhor as ciências exatas e oferecer mais estrutura aos alunos e professores", observou.
Ele também minimizou a baixa aprovação no Enem dos estudantes do ensino público de Mato Grosso. "Uma média de 60% dos alunos do ensino médio estão matriculados no período noturno, o que atrapalha o rendimento escolar, porque dedicam a maior parte do dia ao trabalho. Isso deve ser reconhecido como um fator que dificulta a aprendizagem", assinalou.
Discurso de harmonia
Durante toda a cerimônia de posse, Ságuas Moraes frisou que não há problemas de relação com Rosa Neide.
"Quando perdi o mandato de forma injusta, a Rosa Neide me procurou para dizer que estava disposta a ceder o espaço na Educação do Estado, e pediu para eu voltar. Essa mudança foi autorizada pelo partido em uma executiva estadual. Então, não há problema algum", disse.
A própria Rosa Neide alegou que não vê problema algum em deixar a chefia da Educação. "É uma decisão partidária. Sou filiada ao PT e não vou recusar um pedido vindo do meu partido político", completou.