O Footy Headlines afirma que não há certeza se a camisa branca da Seleção será o uniforme principal na Copa América ou se entrará como uma terceira opção – algo que a Nike já vinha fazendo nos últimos anos, como a camisa preta ou o fardamento em verde escuro. Para vestir o branco oficialmente, entretanto, a CBF precisaria alterar os seus estatutos. Conforme os regulamentos da entidade, apenas o amarelo e o azul são permitidos. Algo burocrático, mas não inédito durante os últimos anos. Em 2004, durante a comemoração do centenário da Fifa, o Brasil vestiu uma réplica de seu primeiro uniforme, branco, em amistoso contra a França. O tributo aconteceu durante o primeiro tempo, no qual ambas as seleções usaram camisas retrô.
Desde sua “criação”, em 1914, a Seleção passou a adotar o branco como cor principal. Até 1919, o fardamento contou com diferentes detalhes em azul, verde, amarelo ou vermelho. Além disso, o Brasil também vestiu camisas com listras em verde e amarelo no Campeonato Sul-Americano de 1916. Já a partir do Sul-Americano de 1919, o time transformou em padrão a combinação que perdurou até 1945: camisa branca com detalhes azuis, bem como calções azuis.
Neste intervalo, no máximo, o Brasil fez o uso excepcional das camisas de Peñarol, Boca Juniors e Independiente como segundo uniforme, em ocasiões específicas. E em 1938, adotou definitivamente o azul como segunda opção, mantido depois da estreia contra a Polônia na Copa do Mundo de 1938. Por fim, a partir da metade final da década de 1940, uma ligeira novidade com os calções brancos se tornando o novo padrão. Assim, de camisas e calções brancos, a Seleção disputou o Mundial de 1950. Ainda manteve o branco na combinação principal durante o Pan-Americano de 1952, as Olimpíadas de 1952 e o Campeonato Sul-Americano de 1953.
A história da “Amarelinha” começa no segundo semestre de 1953. Com a permissão da CBD, o jornal Correio da Manhã realizou um concurso para escolher a nova camisa da seleção. O vencedor foi o jovem gaúcho Aldyr Garcia Schlee, idealizador da camisa amarela com detalhes verdes e dos calções azuis. Em seu anúncio oficial, o periódico enfatiza que o branco “seguirá apenas para casos emergenciais”. E a estreia da Canarinho aconteceu em fevereiro de 1954, durante a campanha do Brasil nas Eliminatórias.
A partir de então, o branco voltaria em raros episódios – como no amistoso contra a Itália em abril de 1956. Já o azul se reforçaria como segunda opção, especialmente depois da conquista da Copa do Mundo de 1958. Mas vale dizer que o branco permaneceu cogitado, a ponto da CBD levar camisas nesta cor como terceira opção ao Mundial de 1962. A tal lenda sobre a “maldição de 1950” viria apenas depois. E, com a combinação ratificada em estatuto, o branco seria limitado mesmo à exceção do centenário da Fifa em 2004.
Caso a Nike confirme a camisa branca para a Copa América de 2019, seria uma bela resposta a esta bobagem de “maldição”. A história do Maracanazo está no passado, com suas memórias e seus personagens. E, afinal não foram os sete gols da Alemanha que levaram a CBF a renegar o amarelo por vergonha. O retorno do branco soa não apenas como uma homenagem, mas também como uma reconciliação com a própria história da equipe nacional. Além do mais, para quem gosta de camisas, possivelmente o novo modelo se transformará em um requisitado artigo de colecionador.