Policiais chefiam grupo de extermínio em Mato Grosso

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Mato Grosso está entre os seis Estados do país onde policiais comandam grupos de extermínio, de acordo com reportagem deste domingo (9) do jornal carioca O Globo. Os dados são da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, que contabilizou mais de centenas de denúncias nos últimos três anos.

Os relatos são os mais hediondos possíveis: vigilantes contratados por grupos de extermínio, que são comandados por policiais; mortes em série de adolescentes na tríplice fronteira; execuções de homossexuais no Nordeste do país, racismo, entre outros.

Segundo apontou a reportagem de Roberto Maltchik, que entrevistou o ouvidor Fermino Fecchio Filho, a conclusão a que se pode chegar com as denúncias rotineiras é de que grupos de extermínio estão disseminados pelo país.

Apesar disso, o jornal revelou que entre os Estados que registram o problema, além de Mato Grosso, destacam-se o Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Goiás e São Paulo.

Para Fecchio, as violações aos direitos humanos ocorrem por duas principais falhas na estrutura do sistema, que seriam a negligência do Judiciário e o corporativismo policial.

"Grupo de extermínio é geral, é no Brasil inteiro. Não tem grupo de extermínio se não tem Polícia envolvida. O que mais choca são os autos de resistência, seguida de morte. Você não tem laudo de local, não tem laudo de balística", disse na reportagem.

Para o ouvidor, a maior "causa mortis" das vítimas é exatamente a caminho do hospital, quando ela já está morta.

"Quando você consegue um laudo, vê que são pessoas que morreram com 12, 20 tiros. Que socorro foram prestar? Foram desmanchar o local do crime", completou.

Violência espalhada

O descaso policial nas investigações dos casos onde falta direitos humanos não são poucos, segundo reportagem do jornal carioca. Em Maceió (AL), por exemplo, mais de 30 moradores de rua foram assassinados em 2010. Para o Governo do Estado, todos foram vítimas do tráfico de drogas. Porém, ao analisar o caso, nota-se dados muito parecidos entre os casos.

"Com apoio da Força Nacional de Segurança, chegamos à conclusão de que um ex-policial militar foi responsável por duas dessas mortes. Na morte de quatro deles, tem dois investigadores da Polícia Civil envolvidos. Tem vigilante responsável por três mortes. Vigilante é a terceirização de execução", afirmou Fecchio.

Outros casos não faltam. Em Luziânia (GO), cidade próxima à Brasília, a omissão reforçou a crise de segurança no entorno da Capital Federal. Um assassino serial aterrorizou o pequeno município e, de acordo com Sônia de Azevedo Lima, mãe do jovem Paulo Vitor de Azevedo, 16, morto há um ano, a versão policial é a mais "desastrosa" possível.

"Disseram ‘ele está com o amiguinho, isso é comum aqui, muita criança desaparece'. E o meu filho como cara fazendo tudo aquilo lá. Se eu pudesse, esganava ele (sic)", relembrou.

O caso acabou chamando a atenção do Ministério Público de Luziânia, que revelou um dado alarmante: vários cadáveres sequer tinham inquérito policial instaurado.

"Aqui no entorno, há muitos casos em que nem a Polícia comparece. Quem vai buscar o corpo é a funerária. É assim que está a segurança no entorno. Perto da divisa com a Bahia, o perito aparece lá a cada 20 dias", disse o ouvidor ao O Globo.

De acordo com Fecchio, cidades como Rio de Janeiro e São Paulo também estão sob ameaça constante. Crimes como a chacina de Acari (RJ), com 11 mortes, ou os 40 assassinatos na Baixada Santista (SP), em 2008, nunca foram esclarecidos. Ainda assim, as principais violações ocorrem no Nordeste do Brasil.

Outro lado

O secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Diógens Curado, não foi localizado para fazer sobre a reportagem do jornal carioca.

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