O Grupo de Atuação Especial de Combate Organizado (Gaeco), do Ministério Público, desarticulou, nesta semana, por meio da "Operação Dublê", uma quadrilha especializada em roubo de caminhões e carretas. O grupo criminoso agia há 13 anos, principalmente, entre os Estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
De acordo com o procurador de Justiça, Arnaldo Justino da Silva, o nome "dublê" se deve ao fato de a quadrilha transferir chassi de caminhões com perda total, revertidos antes em perda parcial, para caminhões roubados.
Durante a operação, foram expedidos 19 mandados de prisão preventiva, sendo que 14 foram cumpridos. Os mandados cumpridos passaram por julgamento da 15ª Vara Especializada Contra o Crime Organizado, que entendeu ser necessária a prisão preventiva dos quatro principais articuladores da quadrilha.
O chefe da quadrilha, Loidemar Silva Landefeldt, vulgo "Nico", foi preso em Paranatinga (373 km ao Sul de Cuiabá). Dono da transportadora Buritis, localizada em Rondonópolis (212 km ao Sul), ele deve ser recambiado para Cuiabá nesta sexta-feira (6).
Além dele, foram presos Francisco Alcides de Farias, o "Paraíba", intitulado pelo Gaeco de "coordenador de ladrões", em Itumbiara (GO), e os auxiliares diretos de Loidemar, Salvador Ferreira de Jesus Junior e Miguel Arcângelo Ferreira de Jesus, ambos mecânicos e motoristas, presos em Paranatinga.
Segundo o chefe do Gaeco, procurador Paulo Prado, o esquema utilizado pela quadrilha era trabalho de profissionais. Com, no mínimo, um roubo de caminhão por semana, o bando conseguiu, em 13 anos, em torno de 624 caminhões.
"A quadrilha contava com equipes especializadas por áreas. Existiam aqueles que só roubavam e outros que só mudavam o chassi, por exemplo. Durante todo esse tempo, calculamos um prejuízo previsto em R$ 80 milhões", informou Prado.
O procurador ainda apontpu que um caminhão roubado custava em torno de R$ 25 mil, o caminhão sinistrado (batido) custava R$ 70 mil e os bandidos ainda vendiam peças, conseguindo em torno de R$ 30 mil. Após a troca de chassi, o caminhão chegava a custar R$ 170 mil.
Violência
Além de levarem os caminhões, os bandidos agiam de uma forma muito peculiar com os caminhoneiros. Segundo o procurador Arnaldo Justino, o grupo era violento e agressivo.
"As vítimas eram presas e feitas reféns até o caminhão ser entregue. Na apreensão que realizamos, no dia 29 de julho, o caminhoneiro ficou das 14 horas do dia 28 até às 9 horas do dia 29, amarrado próximo à rodovia", disse.