Os gregos reclamam do plano imposto pelo governo socialista do premiê do George Papandreou em troca de uma ajuda financeira da UE (União Europeia) e o FMI (Fundo Monetário Internacional). O pacote de R$ 253 bilhões (110 bilhões de euros) serviria para o país aliviar seus débitos. Em troca da ajuda, o país terá de adotar ações duras para equilibrar suas contas, como cortes de salários e aumentos de impostos – e são essas medidas que estão levando os gregos a protestarem.
Os transportes estão parados; a maioria das escolas e administrações públicas amanheceram fechadas; bancos e grandes empresas do setor público funcionam com poucos funcionários e os hospitais garantem apenas os serviços de emergência. A greve inclui ainda a imprensa, com os serviços jornalísticos de rádios, TVs e jornais interrompidos.
O problema da Grécia surgiu porque a dívida grega é maior que seu próprio PIB (Produto Interno Bruto), a soma de tudo que um país produz. É a mesma situação que enfrenta um cidadão comum que já gastou todo o salário e recorre a todos os limites de cartão de crédito e de cheque especial: ele fica sem ter de onde tirar recursos para quitar todas as suas dívidas.
Em 2009, segundo estimativas, o país acumulou uma dívida de R$ 704 bilhões (300 bilhões de euros). Ou seja, fechou o ano devendo mais do que gerou de riquezas – em 2009, o PIB grego chegou a cerca de R$ 600 bilhões (255,3 bilhões de euros), segundo dados do CIA World Factbook (compilação de dados feita pela Agência Central de Inteligência dos EUA). A dívida pública de um país é composta pelos empréstimos tomados pelo governo que ainda precisam ser pagos.
Como membro da zona do euro, a Grécia vinha sendo cobrada para controlar suas finanças, mas continuou a emitir papéis de dívida e a se envolver mais em ganhos no mercado financeiro, apoiada na credibilidade da zona do euro junto a investidores estrangeiros.
FMI e UE
Com a crise que abalou a economia mundial, o país passou a enfrentar problemas para arrecadar impostos, uma vez que empresas começaram a quebrar, o desemprego aumentou e o consumo caiu. Com isso o chamado déficit (quando mais dinheiro sai do que entra na conta) no Orçamento do país cresceu, e a capacidade de pagar seus credores ficou comprometida.
Nesse cenário entram o FMI e a UE: o primeiro porque tem a missão de ajudar países com dificuldades de pagar suas dívidas, e o segundo para evitar que a crise se espalhe entre outros membros com situação financeira frágil e fortemente abalados pela crise global – como Portugal, Espanha e Irlanda.
Outro problema que a presença do FMI coloca é o efeito sobre a confiança dos investidores no país a ser ajudado: países nessa condição costumam ser vistos com cautela, o que resulta em cobranças de juros maiores em empréstimos, dificultando ainda mais a situação.