“Sairei convicto de que fiz tudo o que pude”, diz Maggi

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O governador Blairo Maggi (PR) já está preparado para deixar o governo, no início de abril. Apesar disso, ele salienta que "o governo não termina no final de março, mas sim em dezembro". Por isso, Maggi afirma que manterá a vigilância até o final do ano, assim como o compromisso de investimentos.

"Estaremos bastante atentos, quero que o governo que vai continuar com o Silval (Barbosa) tenha total tranqüilidade e liberdade de seguir com os projetos. Não tem nenhuma sangria desatada. O governo vai continuar acelerando até o último dia e espero que o Silval também faça isso depois. A gente sabia desde 2006, quando fomos reeleitos, que tem prazo, hora e dia para o governo acabar", afirmou, em entrevista exclusiva ao MidiaNews, concedida em dezembro no Palácio Paiaguás.

Segundo Maggi, Mato Grosso avançou significativamente, sobretudo em alguns setores. "Sairei convicto de que fiz tudo o que pude e com a sensação do dever cumprido. Conseguimos avançar bastante na questão de infra-estrutura, tanto em moradias quanto rodovias. Conseguimos avançar na questão da gestão interna de governo; Mato Grosso não é o mesmo que recebi, em todos os sentidos. Não é mais o mesmo na forma administrativa como vinha se fazendo. Hoje temos vários critérios de controles, vários programas implantados… Eu diria que, nessa questão da gestão, minha intenção era deixar isso mais ou menos no piloto automático. A Secretaria de Fazenda e as outras secretarias têm liberdade de tocar suas políticas, mas não tem a liberdade de ficar fazendo o que quer", afirmou.

Para o governador, seu sucessor encontrará a máquina pública organizada. "O governo hoje tem condições de verificar, dia-a-dia, o que vem acontecendo, como no consumo, por exemplo, de combustível nas nossas viaturas. O governo não quer, e não deixa nada para traz, e a gente tem como controlar isso. O governo modificou e melhorou muito a gestão pública em Mato Grosso. Quem nos substituir terá um Estado bem organizado. Mas isso não quer dizer que não tem coisas ainda para se fazer. As tecnologias se modificam e avançam a cada dia e Mato Grosso precisa estar preparado para isso", afirmou.

Autocrítica

Pragmático, Maggi não se esquivou sobre deficiências e setores que precisam avançar no Estado. "Se você fizer uma pesquisa na sociedade, você vai ver que sempre tem coisa pra fazer. Quando a gente observa as eleições que ocorrem nos países mais desenvolvidos, seja Japão ou Suécia, que são países expoentes na questão de relação da máquina pública com o cidadão, ainda lá hoje se discute educação, saúde, segurança e emprego. E isso não vai acabar nunca. Então, em Mato Grosso tem muita coisa a ser feita. Espero que os próximos governantes tenham essa consciência e continuem avançando", afirmou.

Nesse sentido, ele fez um "link" com as próximas eleições, em outubro deste ano. "A sociedade será responsável pela permanência ou não desse estilo de governo. Recebo algumas críticas, como por exemplo, a questão da redução de impostos. Mas acho que essa não é uma crítica que deve aceitar neste momento, apesar de ter sido um dos primeiros compromissos que fiz em 2002. Porque ao assumir percebi que não podíamos fazer a redução de alguns impostos que queríamos fazer. Mesmo assim, desoneramos mais de oitenta segmentos da economia mato-grossense, mas a redução maior, que seria na energia e na telefonia, foi feitas de maneira tímidas. Já em 2006, na reeleição, disse que não poderia cumprir com esse compromisso (redução de impostos) e fui reeleito dentro dessa condição. As críticas precisam existir e temos que absorve-las, mas acho que não estou em débito com a população de Mato Grosso, porque isso foi uma coisa que foi discutida na reeleição em 2006", afirmou.

Estilo de gestão

O governador Blairo Maggi também falou de seu estilo de gerir a máquina pública. "Cada um que assume o governo tem um estilo. Eu tenho o meu, acho que é correto, mas nem sempre vai ser a mesma coisa, em determinados momentos vai haver mudanças. De repente, até a própria população quer essas mudanças, temos que avaliar tudo isso (referindo-se às eleições). O importante é que eu tenho a sensação de dever cumprido, fui criticado, sou criticado por vários setores da política do Estado, da forma que eu conduzo com pensamento muito claro de que a responsabilidade é minha. O povo quando votou, votou no Blairo Maggi, e não votou no governo. Ele não sabia quem seria o secretário A ou B, quais são as relações políticas que eu tenho ou não. Em tudo, para o bem ou para o mal, eu sou o responsável. Fiz a opção de sempre ter o controle absoluto destas questões porque sei que daqui a cinco anos, quando se referirem ao meu governo, não vão falar da época em que o Agostinho era secretario de Saúde, ou que o Éder era secretário de Fazenda. Vão falar do governador Blairo Maggi, como a gente lembra dos governos que passaram. Eu não sei quem eram os secretários dos governos passados… Por isso, a gente não pode abrir mão dessa responsabilidade", afirmou.

Sobre o processo eleitoral que se aproxima, Maggi se mostrou otimista. E até deu algumas sugestões caso o vice-governador Silval Barbosa (PMDB) seja eleito. "Ele terá que ter esse compromisso que sempre tive com a população. Ele tem condições de fazer um governo parecido com o meu, embora tenha outro estilo. Mas penso que, sempre que alguém assume o governo, a responsabilidade sempre é da pessoa, não é do grupo. Por isso, ele terá que assumir compromissos durante a eleição e, como ele está defendendo o governo, penso que ele terá uma plataforma muito parecida com a minha. Agora, ele tem o estilo dele e toda a liberdade para dar um rumo que melhor ache adequado, caso seja eleito", afirmou.

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