Welington Sabino/ GD
Divulgação/ Polícia Federal Documentos apreendidos em Pontes e Lacerda na casa do servidor preso pela Polícia Federal |
Dos 6 diretores de unidades do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatísticas (IBGE) em Mato Grosso que tiveram mandados do prisão temporária (5 dias) expedidos pela Justiça Federal nesta quarta-feira (30), somente 1 não foi preso pela Polícia Federal (PF). Os acusados vão responder pelos crimes de peculato, que é o desvio de dinheiro praticado por servidor público e associação criminosa. Os agentes apreenderam R$ 156 mil e ainda 2 mil dólares em Rondonópolis, na casa de um dos alvos da operação. De acordo com a PF, o grupo movimentou ilegalmente quase R$ 1,3 milhão, entre 2010 e 2013.
Entre os presos, está o diretor-geral do IBGE em Mato Grosso. As prisões foram efetuadas em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Pontes e Lacerda e Rondonópolis. Na Capital, deveriam ser presos 2 acusados, mas 1 segue foragido. Na operação, batizada Doutor Lao, também foram cumpridos 2 mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada apenas para prestar esclarecimentos e depois é liberada. As demais ordens judiciais são 15 mandados de busca e apreensão cumpridos nas cidades já mencionadas e também no município de Santo Antônio do Leverger.
Na casa do servidor de Pontes e Lacerda dezenas foram apreendidos de blocos de notas fiscais falsificadas em nome de diferentes empresas. A PF acredita que ele usava as notas fiscais para justificar os gastos, pois não é dono de emrpesa e mesmo assim armazenava dentro de casa uma grande quantidade de notas fiscais em branco. As buscas foram cumpridas principalmente nas residências dos acusados, que não tiveram os nomes divulgados.
Conforme os delegados da Polícia Federal, envolvidos na operação, os servidores praticavam os desvios de dinheiro público por meio de fraude em prestações de contas desses recursos e através de saques irregulares, recibos inidôneos, ou seja, favorecidos que não prestam o serviço descrito ou mortos. As fraudes também envolviam dados de veículos incompatíveis com a base de dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), notas fiscais frias, montagens de prestações de contas de servidores diversos por uma mesma pessoa e falsificação de assinaturas dos servidores responsáveis pela concessão e aprovação dessas prestações.
Segundo a Polícia Federal, todo o esquema tinha anuência dos chefes das unidades do IBGE dos municípios alvos da operação, que autorizaram as compras dando razão à fraude.
A operação foi realizada em parceria entre a PF, a Controladoria Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF) Pelo menos 70 policiais federais e 10 auditores da CGU participaram das ações no cumprimento dos mandados. O nome da operação é uma referência ao personagem do filme As sete faces do Dr. Lao, no qual um chinês, mestre dos disfarces, interpreta sete personagens diferentes. Par ao crime de peculado a pena é prisão de 2 a 12 anos enquanto denunciação caluniosa prevê pena de prisão de 4 e 8 anos.
O IBGE se posicionou ao Gazeta Digital por meio da seguinte nota:
O IBGE esclarece que após receber denúncias de uso irregular de recursos públicos, encaminhou ofício a Controladoria-Geral da União (CGU) solicitando atenção especial para identificação de possíveis irregularidades no âmbito da instituição. A investigação resultou na ação conjunta da Controladoria-Geral da União (CGU), do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal que deflagrou, na manhã de hoje, a operação contra alguns servidores da Unidade do IBGE em Mato Grosso. As investigações contam com a total colaboração do IBGE, que acompanhará os desdobramentos e adotará os procedimentos que se fizerem necessários.