Problemas no Engenhão “arranham” imagem do Brasil, dizem analistas

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EngenhãoGazeta Press

Problemas no estádio levantam dúvidas sobre a preparação do país para receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, na opinião de analistas



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Os problemas estruturais que levaram à interdição do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, na última terça-feira (26), “arranham” a imagem internacional do Brasil e levantam dúvidas sobre a preparação do país para receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, na opinião de analistas e observadores ouvidos pela BBC Brasil.

Em uma coletiva de imprensa na noite de terça-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou o fechamento da arena por tempo indeterminado devido a problemas estruturais na cobertura, algo que poderia colocar o público em risco.

Inaugurado em 2007 para os Jogos Pan-Americanos, o estádio, que fica no bairro do Engenho de Dentro, na zona norte do Rio, vinha sendo palco de partidas do campeonato carioca de futebol e receberá as competições de atletismo da Olimpíada de 2016. Amir Somoggi, consultor independente de marketing esportivo, afirma que o abalo de imagem é indiscutível.


— É muito triste que a tão pouco tempo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos nós tenhamos que explicar como uma obra nova apresenta problemas estruturais tão graves.

Lição de casa

A construção do Engenhão teve início em 2003, a cargo da construtora Delta. A empreiteira, no entanto, acabou abandonando a obra, que foi assumida então por um consórcio entre as construtoras OAS e Odebrecht. 

Com a mudança, qualquer problema relacionado ao projeto do estádio passou a ser de responsabilidade da prefeitura.

De acordo com Somoggi, os custos para a construção do estádio são compatíveis com o de arenas do tipo em outras partes do mundo, e a existência de problemas pode levantar desconfiança sobre a capacidade de planejamento dos responsáveis por receber os grandes eventos esportivos.

COI se diz confiante no Rio após interdição do Engenhão

— Você tem um estádio que custou quase R$ 400 milhões, um valor dentro do que se gasta pelo mundo. (Mas é) um estádio que tem problemas estruturais graves, significa que nós não estamos fazendo a nossa lição de casa.

Para Pedro Daniel, executivo de gestão esportiva da consultoria BDO, ainda é preciso saber as causas dos problemas apresentados, mas, segundo ele, é possível que as falhas no Engenhão gerem um desconforto entre patrocinadores e acabem tendo impacto em negociações de contratos e naming rights. 

— Que empresa vai querer atrelar sua marca a um lugar com risco?

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (27), engenheiros do consórcio responsável pelo estádio afirmaram que o prazo para identificar a razão do problema e encontrar uma solução deve ser superior a 30 dias, não havendo previsão para reabertura da arena.

Impacto internacional

A interdição do Engenhão acontece em um momento em que as atenções internacionais estão cada vez mais voltadas para o Brasil, com a aproximação da Copa das Confederações, que acontece em junho, e da Copa do Mundo de 2014.

Tim Vickery, correspondente esportivo da BBC no Rio de Janeiro, acredita que, se o Brasil não estivesse sediando os eventos, “esse tipo de história iria passar despercebida”.

— A coisa tomou uma dimensão internacional justamente porque o Brasil está sediando os megaeventos. O fato de que o Engenhão vai sediar o atletismo dos Jogos dá uma dimensão enorme à notícia.

Segundo ele, até a terça-feira, havia uma preocupação principalmente com relação à mobilidade urbana durante os Jogos Olímpicos, mas o caso do Engenhão também gera dúvidas sobre a qualidade das instalações que receberão as competições.

Imagem e confiança

O consultor Amir Somoggi concorda e afirma que casos como esse ‘arranham’ a imagem do país ao evidenciar o que classifica como “falta de planejamento, visão e controle de custo”

— O mundo olha para o Brasil – porque o Brasil é o centro das atenções esportivas – e não gosta muito do que vê.

Procurado pela BBC Brasil para comentar o caso, o Comitê Olímpico Internacional disse por meio de nota que está em ‘contato regular’ com a organização dos Jogos do Rio de 2016 e afirmou ter “confiança absoluta” na preparação do país.

— Ainda faltam mais de três anos e meio para os Jogos, e temos confiança absoluta de que eles acontecerão.

Já o Comitê Organizador dos Jogos no Brasil afirmou, também por meio de nota, ter “plena confiança de que a prefeitura do Rio de Janeiro tomará as medidas necessárias para que o Estádio Olímpico esteja pronto para os Jogos”.

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