Zika vírus: nova ameaça para saúde humana

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Transmitido por mosquitos como a dengue e o chikungunya, o vírus Zika, que tem sido objeto de uma descriptografia genética pelo Instituto Pasteur, representa uma ameaça para a saúde humana, embora a infecção muitas vezes passe despercebida.

A estirpe do vírus em circulação no continente americano, onde causa desde 2015 uma epidemia “inédita”, foi pela primeira vez objeto de um “sequenciamento genético completo”, disse nesta sexta-feira o Instituto Pasteur. Esta análise vai ajudar a compreender sua evolução e desenvolver ferramentas de diagnóstico.

– Quem é o Zika? –

Este vírus foi descoberto pela primeira vez em Uganda, num macaco, em 1947. Foi batizado com o nome de uma floresta situada no sul de Campala, capital do país.

O Zika pertence à mesma família ‘Flaviviridae’, da qual fazem parte o vírus da dengue e da febre amarela. O primeiro caso humano da febre Zika foi relatado em 1968, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Assim como a dengue e o chikungunya, duas outras infecções tropicais, o zika é transmitido por picadas de mosquito do gênero Aedes aegypti e de mosquitos tigre (Aedes albopictus). Os insetos picam uma pessoa doente, carregam o vírus e depois infectam pessoas saudáveis.

– Quais são os sintomas? –

Na grande maioria dos casos (70 a 80%), a infecção passa despercebida. Quando se manifestam, os sintomas são semelhantes aos da gripe (febre, dor de cabeça, dores no corpo) com erupções cutâneas.

O Zika também pode se manifestar como conjuntivite ou dor atrás dos olhos, bem como por um inchaço das mãos ou dos pés.

– Existem complicações? –

Nenhuma morte por vírus Zika foi registrada até agora, segundo a agência dos Estados Unidos para o monitoramento e prevenção de doenças CDC.

Uma pesquisadora analisa larvas do mosquito Aedes aegypti em laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo em 8 de janeiro de 2016© Fornecido por AFP Uma pesquisadora analisa larvas do mosquito Aedes aegypti em laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo em 8 de janeiro de 2016

Mas dois tipos de complicações graves têm sido descritas, complicações neurológicas e malformações em fetos de pacientes do sexo feminino grávidas, o que “convida à vigilância para o surto de Zika”, alertou o ministério da Saúde francês.

Complicações neurológicas do tipo síndrome de Guillain-Barré, doença auto-imune que resulta em fraqueza progressiva ou paralisia dos membros, têm sido descritas no Brasil e Polinésia Francesa, de acordo com o Instituto Nacional de Vigilância Sanitária (InVS) francês.

Além disso, casos de microcefalia (tamanho do crânio anormalmente pequeno) e anormalidades do desenvolvimento do cérebro foram observados em fetos e recém-nascidos de mães grávidas durante as epidemias de Zika na Polinésia e no Brasil.

– Qual tratamento, qual vacina? –

Não existe cura ou vacina específica até agora contra este vírus. O único tratamento é reduzir a dor por analgésicos.

Para se proteger, é preciso evitar ser picado por mosquitos, usando roupas folgadas, repelentes, inseticidas e mosquiteiros.

As mulheres grávidas devem ficar especialmente vigilantes. Uma pessoa doente deve absolutamente evitar ser mordida para interromper o ciclo de transmissão da doença.

– Onde o Zika ataca? –

Depois de ter sido notificada na África, na Ásia e no Pacífico, a doença atingiu o continente norte-americano desde 2015, com o Brasil como principal país afetado.

Uma pesquisadora segura um recipiente com larvas do mosquito Aedes aegypti em laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo em 8 de janeiro de 2016© Fornecido por AFP Uma pesquisadora segura um recipiente com larvas do mosquito Aedes aegypti em laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo em 8 de janeiro de 2016

Ao todo, uma dúzia de países foram infectados no início de 2016 na América Latina e no Caribe. Em dezembro de 2015, os primeiros casos foram registrados na Guiana e na Martinica.

A instalação do mosquito tigre no sul da Europa torna perfeitamente possível um futuro surto de Zika neste continente, especialmente na França, entre maio e novembro, disse o ministério da Saúde francês.

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