O vereador sorrisense Chagas Abrantes (PR) acaba de sair do presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá, onde ficou preso desde sexta-feira, acusado pelo Ministério Público, de pedir propina em troca de apoio ao prefeito Chicão Bedin (PMDB). O desembargador Manoel Ornellas concedeu habeas corpus ao parlamentar, que também é apresentador de tv em Sorriso. Por telefone, Chagas concedeu entrevista exclusiva ao Só Notícias e se defendeu das acusações.
"É uma retaliação pela minha conduta, pela reprovação de contas, e a linha jornalística adotada na TV que não tem preço. Vou fazer uma análise política sobre minha prisão: as eleições começaram e meu nome passou a despontar bem. Temos uma história construída com luta e combate. Meu nome cresceu muito. Eu não sei se isto influencia, mas me parece que assusta", rebateu.
Chagas reafirma inocência e lançou um desafio: "se o prefeito ou Ministério Público tiverem uma vírgula que desabone minha conduta, gravações legais e ilegais, eu renuncio meu mandato! Falar eles falam, por que não divulgam?", afirmou. "Se tem algum vídeo, fala minha pedindo propina, que eles publiquem. Garanto que não existe nada. Renuncio se eles provarem ao contrário", reafirmou.
Chagas Abrantes, que está no 3º mandato, presidiu a câmara ano passado e é líder da oposição, disse ainda que o fato de ser preso representa o "momento mais difícil" de sua carreira. Na verdade, foi feito terrorismo comigo. A questão da prisão da minha esposa é regime de excessão. É um absurdo prendê-la pelo fato da tv fazer críticas ao prefeito. Foi experiência difícil mas que serviu para me fortalecer. A gente aprende com a dor, que é um santo remédio para ensinar", declarou. "Estar em uma prisão jamais esperava, pela minha conduta e pela minha vida. O motivo da minha prisão foi por acusação de ameaça. Fui preso porque uma pessoa identificada como Beto disse que ouviu falar que nós iriamos contratar uma pessoa para dar um susto no Santinho (acusado de gravar conversas com vereadores). Fui preso para não atrapalhar nas investigações. É um absurdo!", rebateu. "E da minha esposa seria por extorsão. Não tem cabimento. Não anunciam conosco, quando a lei manda o poder público anunciar nas empresas com maior audiência, e ainda colocam que minha esposa estaria obrigando a prefeitura anunciar (na tv onde ele é apresentador e Filomena Abrantes é diretora)", criticou.
Chagas concluiu dizendo que sua "vida vai continuar normal. Vou continuar minha atividade parlamentar, me defender das acusacões. Isso não vai nos intimidar. Este episódio só me fortalece", concluiu.
Chagas pediu licença de 30 dias das atividades na câmara municipal. Ele e a esposa devem retornar a Sorriso nesta 4ª feira.
Chagas ficou na mesma cela, no anexo 1 do Pascoal Ramos, onde estava o vereador Gerson Francio (Jaburu), que também foi solto pela decisão do mesmo desembargador, bem como a vereadora Roseane Marques, que ficou no presídio feminino.