O velório do arquiteto Oscar Niemeyer, que morreu na noite de quarta-feira (5) aos 104 anos, acontece nesta sexta-feira (7) no Palácio da Cidade, a residência oficial do prefeito do Rio, no bairro de Botafogo, na zona sul da capital fluminense. A despedida será aberta ao público entre 8h e 15h. Às 17h, deve ocorrer um cortejo até o Cemitério São João Batista, também na zona sul, onde o mestre da arquitetura será sepultado em cerimônia fechada à imprensa.
O corpo foi embalsamado em um laboratório no bairro de Inhaúma, na zona norte. Nas primeiras horas da manhã, ele foi levado de volta ao hospital Samaritano. Na unidade de saúde, a família realizou uma cerimônia religiosa.
O caixão com o corpo de Niemeyer deixou o Palácio do Planalto, em Brasília, às 19h45 desta quinta, onde foi velado por quatro horas. Em Brasília, a cerimônia ocorreu no salão nobre do Palácio do Planalto, projetado pelo arquiteto em 1958 e inaugurado junto com a capital federal, em 1960.
Governadores, ministros de Estado, a presidente Dilma Rousseff e familiares do arquiteto participaram da primeira parte das homenagens. A visitação ao velório foi aberta ao público às 16h45 e houve formação de filas. A Polícia Militar do Distrito Federal estimou que, até as 18h, cerca de 4.000 pessoas compareceram ao Palácio do Planalto para dar o adeus ao artista que projetou Brasília.
A viúva
A viúva do arquiteto Oscar Niemeyer, Vera Lúcia, afirmou que está muito abalada com a perda do marido.
— Perdi a pessoa que mais gostava no mundo, que eu mais amei, foi tudo para mim. Estou muito fragilizada.
Ainda segundo a mulher de Niemeyer, o objetivo agora é tentar terminar os projetos e sonhos que ele gostaria que se realizassem.
— O único desejo dele era que eu terminasse a revista. Vou editar também o livro dos projetos de arte dele. Eu prometi isso a ele. Quero que ele seja lembrado como uma pessoa digna, honesta e amiga como ele sempre foi.
De acordo com Vera Lúcia, ela ainda se lembra dos minutos que passou durante os últimos dias de vida do arquiteto.
— Ele estava lúcido até o último momento. Chegou a dizer que queria comer pastel e tomar café. Ele dizia que queria ir embora, porque os projetos dele estavam atrasados.
Niemeyer teve apenas uma filha, que morreu antes dele. Deixa quatro netos e 13 bisnetos.
Morte
Aos 104 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer morreu às 21h55 desta quarta-feira (5) no Hospital Samaritano, em Botafogo. Segundo o médico Fernando Gjorup, ele sofreu insuficiência respiratória.
— Ele estava consciente na manhã de hoje [quarta-feira], mas o quadro foi se complicando. Ele precisou ser sedado e entubado, mas não resistiu.
Ele estava internado na unidade desde o dia 2 de novembro. Na terça-feira passada (4), o arquiteto apresentou piora nos exames laboratoriais. O último boletim médico divulgado na tarde desta quarta-feira informou que o estado de saúde do arquiteto passava a ser considerado grave.
Niemeyer havia passado duas semanas internado em outubro passado, após dar entrada no hospital com quadro de desidratação. Em maio, ele esteve internado no mesmo hospital por mais de 15 dias com um quadro de desidratação e pneumonia. Em abril do ano passado, ele já havia passado 12 dias internado no Hospital Samaritano com infecção urinária. Dois anos antes, também no Samaritano, ele passou por duas cirurgias: uma para retirada de pedra da vesícula e outra para retirar tumor do intestino.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito Eduardo Paes decretaram luto de três dias no Estado e na cidade pela morte de Niemeyer.
Obras
Símbolo da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, o carioca Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho é apontado como um dos mais influentes na arquitetura moderna mundial. Os traços livres e rápidos criaram um novo movimento na arquitetura.
Entre as mais importantes obras do arquiteto, destacam-se o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte; o Edifício Copan, em São Paulo; a construção de Brasília; a Universidade de Constantine e a Mesquita de Argel, na Argélia; a Feira Internacional e Permanente do Líbano; o Centro Cultural de Le Havre-Le Volcan, na França; o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e a Passarela do Samba, no Rio de Janeiro; o Memorial da América Latina e o Parque Ibirapuera, em São Paulo; e o Caminho Niemeyer, em Niterói, Rio de Janeiro; além do Porto da Música, na Argentina.