Vandalismo destrói os ônibus em Cuiabá e Várzea Grande

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A reportagem do Gazeta Digital mostra o vandalismo que vem atingindo os coletivos de Cuiabá e Várzea Grande. Só no ano passado foram mais de 830 assentos rasgados, rabiscados com caneta por todos os lados e vidros quebrados. Um prejuízo de R$ 304 mil que pesa para as empresas, mas pesa principalmente para a população que depende do transporte público.

Os passageiros sentem o impacto do vandalismo. Quando um ônibus depredado para e vai para o conserto, as empresas costumam colocar no lugar um carro encostado da frota, mais antigo e menos confortável. Se não há outro ônibus para fazer essa substituição, o tempo de espera no ponto é ainda maior.

Os usuários também reclamam das empresas de ônibus. Eles afirmam que as empresas deveriam investir mais nas frotas, porque todo o ano o preço das tarifas sobem e os ônibus continuam os mesmos. E quem acaba pagando por isso são os usuários.

A vendedora Fátima Martins,35, moradora do bairro Osmar Cabral, utiliza o ônibus todos os dias para ir ao trabalho. Ela conta que a maioria da frota que faz a linha está velha. “Sempre tem um ou outro ônibus que quebra toda a semana e quem sofre somos nós usuários. É fácil as empresas reclamarem dos prejuízos, mas ela nunca olha o nosso lado também”.

Fátima relata que não é a favor de nenhum tipo de destruição, até porque é muito triste é muito triste entrar no ônibus e ver toda a pichação que se encontra no interior do veículo. “As pessoas deviam ter consciência, porque eles próprios destroem um transporte que o faz ir e vir”.

Fátima relata ainda que mesmo que os ônibus são de empresas privadas, ele faz parte da população que não tem automóveis e precisa se locomover . “Achei muito bom os novos ônibus que já estão rodando na cidade, espero que o nosso bairro tenha um deste também, para podermos usufruir destas melhorias”, disse.

Para a gastrônoma, Wanderléia Assunção, 45, que faz uso do transporte coletivo diariamente, a ação dos vândalos afeta toda a rotina dos cidadãos que utilizam os ônibus. “O sistema de transporte público está para servir à população, com sua destruição e má utilização acaba ocorrendo à diminuição da frota, pois os ônibus destruídos vão para o reparo, gerando assim um atraso nos horários pré-determinados de circulação e, consequentemente, atrasos para os usuários chegarem tanto em seus locais de trabalho quanto em suas casas, causando transtornos de modo geral”, disse ela.

Para o sociólogo, Ilso Fernandes, os ônibus são equipamentos que servem ao sistema de transporte e têm por finalidade social transportar coletivamente grupos de pessoas para realizarem tarefas relacionadas ao trabalho, lazer, consumo e outros afazeres da vida moderna. Portanto, os mesmos cumprem uma função social e essencial, tanto nos sistemas produtivos, como no de circulação e consumo de bens e serviços, se percebe claramente seu papel de grande indutor e dinamizador da economia.

Ilso destaca que estrategicamente os ônibus são peça fundamental na resolução do grande problema da mobilidade urbana que ameaça tanto o direito de ir e vir, como aumenta os custos gerais do desenvolvimento, crescimento e deslocamentos das pessoas nas cidades.

“Um sistema de transporte eficiente e eficaz, integrado por vários modais, trens, VLT, metrô, marítimo e aéreo, além de diminuir o stress, garante rapidez e resolutividade nas decisões das empresas e também nas necessidades do dia a dia da população nos seus deslocamentos, seja para trabalhar, seja para resolver problemas particulares”.

Um levantamento feito pelas empresas – União Transporte (VG), Integração Transporte, Pantanal Transportes e Norte Sul – mostra o índice alarmante de depredação nos assentos.

Vejam os números

União – 300 assentos/mês o prejuízo é de R$ 6 mil/mês; Pantanal – 180 assentos/mês o prejuízo é de R$ 5 mil/mês; Integração – 150 assentos/mês o prejuízo é de R$ 6,7 mil/mês; Norte Sul – 200 assentos/mês o prejuízo é de R$ 7,5 mil/mês.

Os prejuízos na manutenção dos carros levaram algumas empresas a criarem pequenas oficinas de tapeçaria nas garagens das empresas. Apenas duas das empresas ainda mantêm o serviço terceirizado.

Recentemente, o governo federal sancionou a Lei nº 13.260/2016, em que “o uso ou ameaça de usar explosivos, seu transporte, guarda ou porte” e “sabotar o funcionamento ou apoderar-se com violência de médios e instalações de transporte” passa a configurar como crime de terrorismo na Constituição federal, prevendo pena de reclusão de 12 a 30 anos de regime fechado.

O artigo 250 do Código Penal prevê pena de três a seis anos de prisão e multa a quem causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou patrimônio de outrem. Quando o incêndio é causado em veículo de transporte coletivo, a pena aumenta em um terço.

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