Usina de Belo Monte ainda pode ter leilão anulado

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Agência BrasilFoto por Agência Brasil
Procuradoria diz que populações que serão afetadas pela usina não foram consultados para as pesquisas de impacto ambiental feitas pelo governo

 
Dois recursos do MPF (Ministério Público Federal do Pará) ainda podem anular o resultado do leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). O leilão, que concedeu ao consórcio liderado pela estatal Chesf o direito de executar a obra, está sob análise judicial desde o último dia 20.

 

Em menos de uma semana, o governo obteve duas vitórias ao derrubar as liminares do MPF que questionavam a licença ambiental concedida ao projeto da usina. A procuradoria vê “irregularidades e vícios” nos documentos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) que liberaram o projeto.

Para o juiz Antonio Carlos Campelo, que aprovou as últimas três liminares contra a obra que quase travaram o leilão, na semana passada, ainda cabem recursos sobre essas decisões.

O processo está sendo avaliado por desembargadores do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). O tribunal empossou nesta semana seu novo presidente, o desembargador Olindo Menezes, que assume o cargo poucos dias depois de o então presidente Jirair Megueriam dar parecer favorável ao governo e liberar a disputa entre os consórcios.

 

 

Década de briga

 

A disputa sobre o empreendimento já dura quase uma década. Desde 2001, o MPF questiona o projeto e as avaliações ambientais de Belo Monte. Na ocasião, a procuradoria afirmou que a obra só poderia ser licenciada após o Congresso dar seu “sim” a ela e o Ibama avaliar seus impactos na região da Volta Grande do Xingu, no centro do Pará.

O Congresso só aprovou o empreendimento em 2005, mas sem ouvir as comunidades da região. O resultado é que o projeto foi suspenso novamente pela Justiça.

Em 2008, a procuradoria levantou a irregularidade envolvendo as pesquisas de impacto ambiental.

– A Eletrobrás fez um convênio com as empreiteiras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Correa para que elas fizessem os estudos, o que daria a elas acesso privilegiado às informações do empreendimento, mesmo estando as três aptas a competir com outras pelos bilhões da obra.

No mesmo ano, o juiz Antonio Carlos Campelo vetou a ajuda das construtoras.

Licença questionada

Em maio do ano passado, o Ibama aprovou o estudo e o relatório de impacto ambiental (Eia-Rima), sob pressão do governo para que a obra saísse. A Justiça Federal do Pará freou o processo com uma liminar aprovada por Campelo. No TRF-1, o desembargador Jirair Megueriam derrubou a medida.

Em fevereiro de 2010, o Ibama concedeu, finalmente, a licença prévia, o que permitiu ao governo marcar a data do leilão.

O MPF voltou a questionar, alegando que “na pressa em conceder a licença e fazer o leilão ainda em 2010, o Ibama, a Ana [Agência Nacional de Águas], a Eletrobras e a Aneel atropelaram várias exigências legais e constitucionais”.

Para Campelo, ainda há como anular o leilão da usina. Na avaliação dele, “a pressa que está se dando neste caso é preocupante”.

– Técnicos reconheceram que os estudos feitos não são suficientes para calcular o impacto ambiental. As audiências públicas [sobre o projeto] têm a finalidade de colher críticas e sugestões, e não podem ser desprezadas. Mas elas se transformaram em meras encenações.

A Aneel descartou irregularidades no leilão. O Ibama diz que as obras não atingem diretamente as terras indígenas da região. O governo, por sua vez, defende que a hidrelétrica trará desenvolvimento econômico à região, assim como a geração de 18 mil empregos e o repasse de R$ 175 milhões às cidades atingidas pela obra

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