TERRA PROMETIDA Novas ameaças são feitas após HC

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A Gazeta


A decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) de soltar os 34 presos durante a operação “Terra Prometida”, da Polícia Federal, impactou na segurança de testemunhas e pequenos agricultores, que começaram a ser ameaçados pouco depois do anúncio da concessão do habeas corpus. Pelo menos duas pessoas já registraram boletim de ocorrência na Polícia Militar de Itanhangá e o Ministério Público Federal (MPF) aguarda os documentos para tomar as providências cabíveis.

A procuradora da República Ludmila Bortoleto Monteiro vê relação direta entre as novas ameaças de morte e a liberação dos acusados de compra e venda ilegal de lotes do Projeto de Assentamento de Itanhangá. Pontua que a situação sinaliza um agravamento do que já era prática no assentamento e foi, inclusive, motivo para o pedido de prisão dos investigados. No relatório da PF à Justiça Federal de Diamantino consta como justificativa para pedir as prisões a preservação de provas e evitar que testemunhas sejam ameaçadas.

Ludmila foi informada sobre as ameaças por e-mail e por telefone e requereu a documentação. Comenta ainda que a decisão do TRF-1 em soltar os presos fortaleceu a organização criminosa, que por anos agiu como entendia correto em Itanhangá. “Acreditava que ao serem presos poderiam de alguma forma ficar receosos, mas não é isso que tem ocorrido”.

Entre as novas vítimas está o presidente da Associação de Pequenos Produtores de Itanhangá (Atri), Eduardo Magalhães Pinto, que deu entrevista a uma emissora de TV nacional, logo após a operação “Terra Prometida” e relatou como agem alguns proprietários de terras da região.

No boletim de ocorrência registrado em 4 de dezembro, um dia após o TRF-1 conceder o HC, ele denuncia ter recebido uma ligação de um número não identificado em que a pessoa ficou muda no outro lado da linha. Em seguida, um conhecido o encontrou e contou que pelo menos três participantes de um grupo do aplicativo de celular “WhatsApp” cogitaram de matá-lo. No mesmo grupo, vários membros ainda estariam comentando sobre a esposa do sindicalista.

Outro ameaçado é o funcionário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Antônio Alves Nogueira. Ele atuou como colaborador da Polícia Federal durante as investigações. No inquérito, o nome dele e dos agricultores Dirceu Luiz Cappellesso e José Ferreira da Silva são citados várias vezes como vítimas de ameaça.

Um informante anônimo relatou inclusive que “dois grupos de fazendeiros e empresários do agronegócio da região de Lucas, Tapurah e Itanhangá estariam se reunindo e articulando para tentar regularizar a qualquer custo o PA Itanhangá (coletando dinheiro para corromper servidores), bem como para encomendar a morte de José Ferreira, Hildo Dallapria, Antônio Fonseca, Dirceu Capelesso, Emir Petri, Cleomar e do Delegado Hércules Sodré”, descreve trecho do documento encaminhado pela PF à Justiça Federal.

Em outro trecho, consta declaração do produtor rural Oscar Versari, questionado pela Polícia. “Perguntado se ficou sabendo da ameaça proferida por Gentil Piana, no sentido de que se eliminassem Dirceu Capelesso e Antônio Fonseca resolveria o problema do assentamento, respondeu que soube de um boato que percorreu o assentamento sobre eliminar dois ou três novos assentados para servir de exemplo e desestimular outros de pleitear lotes do referido PA”.

A operação “Terra Prometida” foi deflagrada no dia 27 de novembro para cumprimento de 52 mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento com vários crimes agrários. Na noite de 3 de dezembro, o juiz substituto Pablo Zuniga Dourado, concedeu liberdade para o acusado Antônio Di Mattei e estendeu o benefício a todos os outros suspeitos que entraram com recurso no órgão.

Os presos foram liberados na noite de quinta-feira (4). Entre eles, estavam os irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, Odair e Milton Geller, e o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino José Franz.

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