Por Lisandra Paraguassu
O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira que o fechamento da fronteira do Brasil com a Venezuela, como pediu o Estado de Roraima, é algo “incogitável”.
“Isso não é hábito do Brasil, não fechar fronteiras e nem espero que o STF venha a decidir dessa forma. Fechar fronteiras é incogitável”, disse Temer a jornalistas em Lima, onde participa da Cúpula das Américas.
Temer afirmou que havia analisado pouco antes o pedido do governo de Roraima, apresentado ao Supremo Tribunal Federal, e o considerou que o pedido não tinha “muita significação”.
“Muitas das medidas pleiteadas já estão sendo tomadas. Recursos, pessoas que vão para lá para dar assistência”, disse.
O governo de Roraima apresentou no início da tarde desta sexta uma ação ao STF cobrando do governo federal o fechamento temporário da fronteira com a Venezuela para impedir que o “fluxo imigratório desordenado produza efeitos mais devastadores aos brasileiros” e aos estrangeiros que residem naquele Estado. [nL1N1RQ1PS]
O governo de Roraima reclama que a União não tem feito o suficiente para ajudar o Estado a lidar com o constante fluxo de venezuelanos. De acordo com a contas da Polícia Federal, entre 500 e 700 pessoas cruzam a fronteira todos os dias –nem todas para viver no Brasil.
A ação da governadora de Roraima também foi criticada pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, que mostrou irritação ao ser informado do teor do pedido feito ao STF.
“Essa é uma ideia… tenha santa paciência”, reagiu o ministro.
Aloysio, que também está em Lima para a Cúpula das Américas, desconhecia a ação. Ao ser informado do caso, defendeu o governo federal.
“O governo federal está fazendo muito, está ajudando tanto o governo do Estado quanto as prefeituras. Nós temos recursos, temos gente ajudando, temos colaboração com a sociedade civil. Estamos fazendo muito e vamos fazer tudo que for necessário”, afirmou.
Em entrevista em Brasília, Suely Campos afirmou que tentou tratar da crise dos venezuelanos em Roraima “incontáveis vezes”, mas que não tem recebido o apoio necessário do governo federal.
“O Estado está já impactado, está sobrecarregado. Como é que o menor Estado da Federação, nós temos 520 mil habitantes, de repente nós temos um acréscimo de 10 por cento da nossa população”, disse.
Para a governadora, falta na fronteira um controle maior sobre quem entra no país por parte do governo federal.