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Muita gente já reparou que os jogadores desta Copa estão mais fortes e com músculos mais definidos. Um claro exemplo é Eto’o, do Camarões, cujo tanquinho dá para ser visto até com a camisa da seleção por cima. Além dele, o português Cristiano Ronaldo e o italiano Canavaro também merecem ser citados.
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Mas será que alguém se lembra de como era o corpo de Pelé, de Casagrande ou de Sócrates, por exemplo?
Segundo Mauro Célio, que dá aulas de preparo físico para jogos de futebol na academia Fórmula, em São Paulo, muita coisa mudou no treinamento dos jogadores profissionais, principalmente a partir da Copa de 1998.
– Antigamente o fator determinante para o jogador estar em um campeonato mundial era o que chamavam de “dom de Deus”. O profissional dominava as técnicas do futebol e tentava explorá-las ao máximo, mas não tinha um preparo físico adequado nem recebia treinamento suficiente para isso. Por isso eram todos muito magros, com pouca massa muscular, e viviam tendo lesões.
Nos dias de hoje, porém, tudo é diferente. A força e o condicionamento físico são vistos como fundamentais para o jogador, quase tanto quanto a técnica e o dom de cada um.
– Para haver um equilíbrio no corpo do jogador, é necessário que ele faça um trabalho de musculação, exercícios de tração, para estimular a força, atividades aeróbias, como corrida, bicicleta ou hidroginástica, por exemplo, além de toda a parte do preparo para o jogo, que combina séries de agachamento, de zigue-zague com cones, de saltos, além de muitos exercícios de movimentação e alongamento. Enfim, tudo o que uma partida de nível profissional exige dos jogadores.
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Célio ainda afirma que é fundamental que todas essas atividades sejam bem combinadas entre si.
– Se o profissional tem um jogo marcado para o dia seguinte, não é interessante que ele faça exercícios pesados nem que trabalhe músculos que serão bastante usados durante o jogo, para evitar o risco de sobrecarga. São essas atividades mais leves que também devem ser feitas um dia após o jogo, que é o que chamamos de treinamento regenerativo.
– Essa alta definição dos músculos do abdômen é resultado de todo esse treinamento especial dos jogadores, que vivem chegando ao extremo da força muscular e gastam todas as calorias ingeridas na dieta nessas atividades. Como eles conseguem transformar praticamente toda a reserva de gordura do corpo em energia, a que fica na região da barriga também é toda gasta. Nisso, o profissional acaba gerando uma hipertrofia nos músculos dessa área, aumentando a massa muscular, que encosta na pele e fica sobresaliente.
Mas para a pessoa chegar nesse nível, o principal é dieta.
– Tudo se baseia em uma conta matemática. A pessoa deve ingerir menos calorias do que gasta, para não criar reserva de gordura, que é no que as calorias acumuladas se transformam, e ter um balanço energético favorável à definição dos músculos.
O futebol
De acordo com o preparador físico, o futebol é uma atividade mista, que trabalha os músculos e a força no momento em que o jogador corre muito rápido, e a parte aeróbica, quando o profissional volta caminhando ou se movimenta em um ritmo frequente durante a partida, recuperando os batimentos cardíacos.
– No jogo são mais trabalhados os membros inferiores. E é por isso que é essencial todo o preparo que é feito durante treinamento para esse jogo, por profissionais competentes. São nessas atividades que o corpo é trabalhado como um todo, para criar resistência para choques e até para partidas mais longas, nas quais é indispensável ter um bom condicionamento físico.
Se um atleta reclama que está mal condicionado, “ele não se sente preparado para a partida, sabe que não é resistente e fica afetado psicologicamente para o jogo, o que faz com que o desempenho dele caia verticalmente”, finaliza Célio.