Surto de tuberculose atinge cadeia e infectados convivem com quem não tem a doença

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Flávia Borges/GD

Familiares de presos da Cadeia Pública de Várzea Grande, mais conhecida como Cadeia do Capão Grande, denunciam um surto de tuberculose no local. O fato é confirmado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), sob Luiz Antônio Possas de Carvalho, e pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso.

Conforme a mãe de um dos reeducandos, ao chegar no local para visitar seus familiares que estão presos, as pessoas são avisadas sobre o surto. Alguns agentes utilizam máscaras e luvas para permanecer no local, porém os familiares dos presos adentram a Cadeia do Capão Grande sem qualquer proteção.

Exames estão sendo feitos nos reeducandos para detectar a doença. Na Ala B, dos 27 detentos, 13 já têm o diagnóstico confirmado e outros 5 possuem suspeita de tuberculose, porém ainda estão sendo analisados. A Sejudh confirma que os 14 detentos da Ala B que não tiveram diagnóstico confirmado permanecem na mesma área que os outros 13, já infectados, porém ressalta que eles estão separados embora no mesmo local.

Conforme a mãe de um dos presos, que preferiu não se identificar, durante a visita deste domingo, um dos detentos foi levado às pressas para o Pronto Socorro de Várzea Grande vomitando sangue. Logo na chegada, crianças e gestantes são proibidas de entrar na unidade prisional. Mesmo assim, as outras pessoas que precisam entrar no presídio para visitar parentes e amigos estão sujeitos a se contaminar, já que para ir para as demais alas, é necessário passar pela Ala B, onde estão sendo ‘amontoados’ os infectados.

João Batista, presidente do Sindicato dos Agentes Prisionais de Mato Grosso, confirma a situação e afirma que não há equipamento de segurança para todos os funcionários, especialmente luvas e máscaras. “Já solicitamos à Sejudh há mais de 10 dias e até agora não houve resposta. A situação da Cadeia Pública de Várzea Grande é uma das mais graves do Estado”, afirmou João Batista.

Ele diz que 54 agentes são lotados no local. Atuam no sistema penitenciário estadual quase 2 mil agentes prisionais e o número de presos chega a 12 mil.

A Sejudh nega a informação de que não há materiais de prevenção para os agentes. Segundo a secretaria, luvas e máscaras são disponibilizadas sempre que solicitadas.

Em março deste ano, o secretário Possas deu início a um mutirão para que o exame de detecção de tuberculose fosse realizado em 100% da população carcerária. Conforme a assessoria da Sejudh, o mutirão acontece em parceria com os municípios e teve início em Várzea Grande há cerca de 3 semanas.

A tuberculose, transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, é provavelmente a doença infecto-contagiosa que mais mortes ocasiona no Brasil. Estima-se, ainda, que mais ou menos 30% da população mundial estejam infectados, embora nem todos venham a desenvolver a doença.

Para que a infecção ocorra, é necessário que ele chegue aos alvéolos. Se não alcançar os pulmões, nada acontece. A partir dos alvéolos, porém, pode invadir a corrente linfática e alcançar os gânglios (linfonodos), órgãos de defesa do organismo.

A doença evolui quando a pessoa não consegue bloquear o bacilo que se divide, rompe a célula em que está fagocitado e provoca uma reação inflamatória muito intensa em vários tecidos a sua volta. O pulmão reage a essa inflamação produzindo muco e surge a tosse produtiva.

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