Os moradores do Posto da Mata, no distrito de Estrela do Araguaia, entre São Feliz do Araguaia e Alto Boa Vista, começaram a arquitetar no início da tarde de hoje a estrutura do foco de resistência à ação da Polícia e da Força Nacional, prevista para começar amanhã.
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A ideia é montar no Posto da Mata uma estrutura com suprimentos básicos para resistir quanto tempo for preciso ao cumprimento da desintrusão. Além disso, os moradores, que estão ocupando a entrada do distrito em vigília no local desde o início da semana, mantendo as rodovias BR 158 e MT 242 bloqueadas, vão trazer os animais para o local.
O prazo para a saída voluntária de não-índios se encerrou na última quinta-feira (6) e a ação para a retirada forçada está prevista para começar amanhã. Mobilizados, os moradores estão alistando voluntários para organizar pontos estratégicos da resistência.
Imagem: José Medeiros/ Fotos da Terra
“Estamos juntando comida, água e arrumando energia para resistir até por 30 ou 40 dias se for preciso. O fato é que a gente não vai se entregar, não vamos deixar nossas coisas e as nossas vidas”, confidenciou uma das lideranças do movimento sob a condição de anonimato.
Na reunião realizada no começo da tarde de hoje, os pontos estratégicos foram definidos. Os que se ‘alistarem’ ficarão divididos em grupos específicos para providenciar alimentação, transporte, energia e limpeza.
Os empresários da região, mesmo os que não estão na área do despejo, estão se apresentando para colaborar. “Muitos donos de mercados das cidades aqui em volta estão nos procurando porque querem doar comida para a gente. Eles só pedem para que não sejam identificados”, declarou a liderança ouvida peloOlhar Direto no Posto da Mata.
Acossados
Os moradores da região estão apavorados com a chegada da desintrusão. Helicópteros são constantemente vistos no céu, rondando o povoado. A energia também tem faltado constantemente. Só no sábado (8), a luz faltou três vezes.
“Antes faltava luz de vez em quando, mas não tanto assim, tão frequente como está sendo. A gente não tem como dizer com toda a certeza que eles [que comandam a operação do despejo] são os responsáveis, mas isso só aumenta a tensão e o medo por aqui”, declarou um produtor da região.