Sérgio Cabral deixa o presídio de Benfica, no Rio, e entra no camburão para seguir para o aeroporto. Foto Domingo Peixoto /Agência O Globo
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) foi denunciado por lavagem de dinheiro pela força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio, pela 21.ª vez. A acusação formal do Ministério Público Federal foi protocolada na Justiça Federal nesta terça-feira, 30.
Outros seis investigados também são alvo da denúncia, que é um desdobramento das Operações Calicute, Eficiência e Mascate: Ary Ferreira da Costa Filho, Sérgio Castro de Oliveira, Gladys Silva Falci de Castro Oliveira, Sonia Ferreira Batista, Jaime Luiz Martins e João do Carmo Monteiro Martins. Todos são acusados pelo crime de lavagem de dinheiro por meio de empresas do Grupo Dirija, controladas por Jaime Luiz e João do Carmo, ambos delatores.
Sérgio Cabral é acusado por 213 atos de lavagem de cerca de R$ 10,2 milhões.
“Na sistemática estabelecida, que se estendeu de 2007 a 2014, Ary Filho realizava a entrega periódica para os representantes do grupo Dirija de dinheiro em espécie e notas fiscais emitidas pelas empresas Gralc Consultoria (LRG Agropecuária), de Carlos Miranda, SFB Apoio administrativo, de Sonia Ferreira Batista, e Falci Castro Advogados e Consultoria, de Sérgio de Castro Oliveira e Gladys Silva Falci de Castro Oliveira, e, em seguida solicitava que João do Carmo e seu filho Jaime Luiz fizessem a transferência bancária dos recursos para as referidas empresas como se estivessem fazendo pagamento por prestação de serviços, que na realidade não existiam”, afirma a Lava Jato.
Segundo o Ministério Público Federal, ‘as empresas Gralc Consultoria (LRG Agropecuária), SFB Apoio Administrativo e Falci Castro Advogados e Consultoria nunca prestaram nenhum serviço para o Grupo Dirija’.
“Ary providenciou os contratos fictícios para que os colaboradores assinassem, de modo a dar respaldo documental aos pagamentos efetuados”, apontam os procuradores.
AS ACUSAÇÕES DA LAVA JATO:
1. 165 atos de lavagem de dinheiro com a transferência, em 165 oportunidades distintas, no período 10 de outubro de 2007 a 22 de agosto de 2014, de R$ 6.858.692,06 de contas em nome de empresas do Grupo Dirija para contas em nome da empresa GRALC Consultoria (LRG AGROPECUÁRIA);
2. 39 atos de lavagem de dinheiro com a transferência, em 39 oportunidades distintas, no período de 30 de dezembro de 2009 a 02 de maio de 2011, de R$ 1.074.582,50 de contas em nome de empresas do Grupo Dirija para contas em nome da empresa Falci Castro Advogados e Consultoria;
3. 8 atos de lavagem de dinheiro com a transferência, em 8 oportunidades distintas, no período de 30 de setembro de 2013 a 22 de agosto de 2014, de R$ 157.540,00 de contas em nome de empresas do Grupo Dirija para contas em nome da empresa SFB Apoio Administrativo;
4. Um ato de lavagem de dinheiro com a venda pela empresa Gran Barra Empreendimentos e Participações S/A de imóvel situado na Avenida Lucio Costa, 3600, Bloco 1, Apartamento 1201, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, para Ary Filho, mantendo-se o mencionado bem em nome da empresa Gran Barra.
A reportagem tentando localizar Ary Ferreira da Costa Filho, Sérgio Castro de Oliveira, Gladys Silva Falci de Castro Oliveira, Sonia Ferreira Batista, Jaime Luiz Martins e e João do Carmo Monteiro Martins. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO RODRIGO ROCA, QUE DEFENDE SÉRGIO CABRAL
“A denúncia recicla material usado em outros processos para chegar ao ex-governador baseada exclusivamente em artifícios teóricos e nas palavras de delatores. Sérgio Cabral nunca teve qualquer relação com as empresas ou com as operações financeiras nela descritas, não havendo um só indício da sua participação nos fatos investigados.”