São Paulo sai do Paulista triste com vice, mas feliz pela campanha

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Clube se planejou mal para 2019, mudou rota após queda na Libertadores, de olho no segundo semestre. Resultado quase veio antes do imaginado

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Antony comemora o gol que deu esperanças para os são paulinos em Itaquera

Antony comemora o gol que deu esperanças para os são paulinos em Itaquera

FLAVIO HOPP










O São Paulo havia acabado de eliminar o Palmeiras dentro do Allianz Parque quando Cuca, em um arroubou de sinceridade em meio à euforia de torcedores e jogadores, deixou escapar que já tinha tudo esquematizado para aproveitar o período pós-eliminação com um retiro em Cotia, em preparação para o Brasileirão. Depois de tudo o que aconteceu no primeiro semestre, o São Paulo não esperava que disputaria o título do campeonato, muito menos com o equilíbrio que se viu na decisão.

A dor do elenco, que cogitou não se apresentar para receber o troféu e as medalhas de vice-campeão após a derrota por 2 a 1 para o Corinthians, mostra que, àquela altura, o título que antes era inimaginável já lhes parecia muito palpável. A expectativa aumentou e o tombo causado pelo gol cruel de Vagner Love aos 43 minutos do segundo tempo acabou sendo muito doloroso.

O São Paulo continua vivendo sua angustiante seca de títulos, mas uma análise desapaixonada resultará na conclusão de que o clube tem mais motivos para sorrir do que para lamentar se levada em conta a relação expectativa/realidade. O Tricolor encerra o Paulistão melhor do que ele mesmo imaginava que pudesse encerrar, com perspectivas reais de sucesso no segundo semestre.


Quando dispensou André Jardine logo depois da queda para o Talleres (ARG), ainda na fase preliminar da Libertadores, a diretoria assumiu – embora o presidente Leco tenha evitado ao máximo o uso dessas palavras – que o planejamento para 2019 foi muito ruim. Ao improvisar Vagner Mancini no cargo enquanto Cuca finalizava seu tratamento de saúde, ao mesmo tempo em que mexia no elenco, o São Paulo estava tentando encontrar um rumo para Brasileirão e Copa do Brasil. A ideia inicial era que Cuca só começasse a trabalhar no campo após o Estadual, os (bons) reforços contratados nem puderam ser inscritos na competição… O que viesse no Paulista seria lucro.

E veio muita coisa valiosa. A partir das quartas de final, contra o Ituano, o Tricolor passou a ser uma equipe confiável. A espinha dorsal toda moldada em Cotia, com Luan, Liziero, Antony e Igor Gomes, é fonte de muita esperança para os próximos meses – e anos, desde que eles não partam tão cedo. Em todos os jogos do mata-mata, um deles foi o melhor do time. Na decisão em Itaquera, apesar do gol ter sido feito por Antony, este “prêmio” foi de Igor Gomes, garoto que tem cinco (!) partidas como titular no profissional. Hudson de lateral também é outro grande legado dessa campanha.

O torcedor também pode ficar esperançoso com a postura da equipe nesses jogos mais difíceis. Há quanto tempo o São Paulo não fazia quatro clássicos consecutivos jogando de igual para igual com os rivais? Pode parecer muito pouco para um clube tricampeão do mundo – e é -, mas o buraco era muito fundo. A fragilidade diante desses adversários vinha sendo espantosa, tanto que o time perdeu os três clássicos da primeira fase.


É perfeitamente cabível contestar a postura do São Paulo na decisão contra o Corinthians. Dava para ter sido mais corajoso? Dava, principalmente quando o jogo já se encaminhava para o fim, após os 30 minutos do segundo tempo. Cuca poderia ter feito escolhas melhores? sim, mas todas as opções do treinador (Jucilei titular, Hernanes de falso 9 e a entrada de Willian Farias) tinham algum sentido. Ser engenheiro de obra pronta é muito fácil.

A questão é que esse jovem São Paulo, que passou a ser confiável há exatamente um mês, talvez ainda não estivesse pronto para ser destemido em Itaquera. Há uma óbvia deficiência que precisa ser corrigida, na criação de jogadas, sem contar que Liziero e Pablo não puderam jogar. Do outro lado, há de se lembrar, havia uma equipe mais do que acostumada a erguer troféus nos últimos anos, com jogadores como Cássio, Fágner, Ralf e Vagner Love.

O São Paulo sai do Paulistão triste, mas melhor do que entrou e muito melhor do que esperava. Basta saber usar este ponto de partida para dar saltos maiores mais adiante, algo que o clube não soube fazer em ocasiões recentes.

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