Apesar de ter viajado a Paranaíta, onde será construída a maior usina hidrelétrica do complexo Teles Tires, o governador Silval Barbosa (PMDB) parece ter ignorado as críticas do deputado estadual e relator da CPI das PCHs, Dilmar Dal Bosco (DEM), que o acusou de deixar em segundo plano as discussões que cercam os cinco empreendimentos.
Enquanto o democrata esteve em Sinop, que receberá uma das cinco usinas do complexo na última quinta (9) para debater com representantes da prefeitura e do Ministério Público os impactos que ela causará na cidade, o peemedebista foi a Paranaíta apenas participar da solenidade de entrega dos certificados aos trabalhadores capacitados pela empreiteira vencedora da licitação.
As hidrelétricas das duas cidades passaram por diversas contestações dos Ministérios Públicos Estadual e Federal e foram alvo de polêmicas. Em Sinop a contestação foi do MPE, que argumentava que o licenciamento ambiental da obra não deveria ser feito pela secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema), mas pelo Ibama, por se tratar de um rio de posse da União, visto que banha mais de um Estado brasileiro. O aval chegou a ser suspenso pela Justiça Federal, mas a Sema recorreu da decisão.
O mesmo argumento foi utilizado para tentar embargar a obra de Paranaíta. Apesar de também não ter sido aceito, outro problema foi levantado, desta vez, pelo MPF. O órgão questionava os licenciamentos ambientais individuais. Para a promotoria, as cinco obras deveriam ter um único estudo de impactos ambientais, por tratarem de um complexo a ser implantado no mesmo rio.
Em Sinop a população chegou a fazer um abaixo assinado para tentar impedir a obra. O principal problema para eles era a altura da barragem, que poderia prejudicar o leito do rio, e a área a ser alagada. Dos 33 mil hectares previstos, 23 estão dentro dos limites do município. Além de Sinop, Cláudia, Itaúba, Ipiranga do Norte e Sorriso também devem sentir algum reflexo da construção. A previsão é que ela tenha capacidade de gerar 460 megawattz de energia.
Já a hidrelétrica de Paranaíta terá um reservatório de 152 km² e capacidade de 1820 megawattz. A obra deve ultrapassar a fronteira do Estado e ocupar parte do território de Jacareacanga, no Pará. Também compõem o complexo as usinas São Manoel, Colíder, Magessi e Foz do Apiacás.