RAFAEL COSTA
DA REDAÇÃO
Recém-desligado da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o deputado estadual Ságuas Moraes (PT) criticou o discurso da senadora Serys Slhessarenko, que estaria "posando de vítima" para reivindicar sua candidatura à reeleição. O partido tem a pré-candidatura do deputado federal Carlos Abicalil e decidiu ir às prévias no dia 18 deste mês para resolver o impasse.
"É lamentável ver a senadora Serys se vitimando nas suas falas, dando a entender que está sendo vítima de outros grupos do PT, que estamos atropelando um direito que deve ser natural. Nada disso está acontecendo", afirmou Moraes, em entrevista ao Midianews.
O parlamentar elencou os motivos para justificar sua crítica. "A senadora adotou um discurso de que estava sendo discriminada, o que não existe. O PT foi o primeiro partido do país a aceitar mulheres e lançá-las na disputa eleitoral. A senadora sempre foi muito respeitada internamente, independentemente das correntes do partido", disse o deputado.
Integrante da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a mesma que reúne Alexandre César, Carlos Abicalil e José Dirceu, Ságuas Moraes entende que Serys pode optar pela reeleição, porém, não deve ser o caminho natural da legenda, conforme pregam aliados da senadora.
Ele defendeu que a escolha deve ser pautada pelo debate. "Dentro do PT não existe candidatura nata. Quem está no exercício do mandato pode reivindicar à reeleição, mas não é regra partidária", afirmou.
Fora dos limites
Ságuas Moraes entende ainda que a discussão a respeito de quem será o candidato do PT ao Senado ultrapassou os limites do PT, o que gerou um clima desagradável no partido.
"É uma discussão muito intensa pela imprensa, o que gera vários boatos e especulações. Houve até informações de que o José Sarney poderia interceder a favor da reeleição da senadora Serys. Interferência de terceiros não é bem vinda em nenhum partido. Por conta disso, ficamos numa situação de desconforto, mas o desgaste não foi tão grande como esperávamos".
Embora tenha criticado a discussão a respeito da escolha do candidato ao Senado, Ságuas elogiou o desempenho da petista. "A senadora Serys prestou vários serviços importantes a Mato Grosso e ao País. Ninguém questiona sua capacidade. Acredito na unidade partidária após toda essa discussão", disse.
Procedimentos
Marcada para o dia 18 de abril, a prévia do PT que vai definir o candidato ao Senado obedecerá às normas do PED (Processo de Eleições Diretas), que elege o presidente da legenda nos âmbitos municipal, estadual e nacional. Os militantes com mais de um ano de filiação irão votar em seus municípios. Em Mato Grosso, estão aptos a votar 23 mil filiados.
Eleição
Eleito em 2006 deputado estadual, Ságuas Moraes tem a pretensão de concorrer à Câmara Federal, porém a confirmação de sua candidatura depende do resultado das prévias do dia 18l. Se for confirmado Carlos Abicalil ao Senado, seu projeto de chegar ao Congresso Nacional se viabiliza. Caso contrário, deverá optar pela reeleição.
"Não gostaria de disputar a eleição de deputado federal com o Abicalil, que recebeu uma média de 20 mil votos em Juína, minha base eleitoral. Tenho o compromisso de que vou receber seu apoio se for candidato a deputado federal", revelou.
Conjuntura
Confiando que o alto índice de aprovação do Governo do Estado favorece Blairo Maggi na candidatura ao Senado, Ságuas Moraes avaliou que a composição PR-PT-PMDB reúne condições de eleger dois senadores. "É um grupo político que tem mais consistência do que aqueles que estão se manifestando. Entendo que o favoritismo também é muito forte na disputa ao governo do Estado", disse.
Questionado se o fator novidade da candidatura de Pedro Taques (PDT) pode surpreender, Moraes prega respeito ao ex-procurador da República, porém, classificou de incerto seu desempenho eleitoral.
"Sou admirador da carreira extraordinária que Taques construiu no Ministério Público Federal. É um cidadão que tem vários serviços prestados ao Brasil, mas ainda não foi testado nas urnas e vai ter que construir uma base política forte para ser eleito. Ainda não podemos avaliá-lo", observou.
