Os setores da indústria da alimentação e construção civil são os que mais demandam trabalhadores qualificados em Mato Grosso. Fazer um curso técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) é ter quase a certeza de encontrar uma vaga de trabalho. Mas como no Brasil há a cultura do bacharelado, muitos jovens optam em fazer uma faculdade do que investir em cursos técnicos.
Mas ter um diploma não significa que o salário será maior. O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, exemplifica que um bom soldador tem salário em torno de R$ 3 mil. “Tem advogados que ganham a mesma coisa. As pessoas que fazem cursos técnicos têm chances de emprego muito maior do que aqueles apenas com ensino superior”, comparou.
Milan diz que para atender a demanda das indústrias por mão-de-obra o Senai tem oferecido muitos cursos para formar trabalhadores, em especial, para atender a demanda dos setores da alimentação e construção civil. “O déficit de mão-de-obra é um problema nacional. Com a Copa do Mundo, faltam pessoas para atender a contento as construtoras. Rondonópolis já é um pólo industrial e com a chegada da ferrovia, vai gerar novas demandas de trabalhadores qualificados”.
O sistema Federação das Indústrias tem programado investimentos de R$ 20 milhões no Senai e Sesi de Rondonópolis para os próximos dois anos, incluindo a construção da nova sede do Sesi e a faculdade do Senai, que na unidade de Cuiabá oferece três cursos. “Acho que a presidenta Dilma faz um bom mandato. Ela tem dado ênfase à capacitação técnica com a criação do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego)”.
Ensino básico pobre
Um dos problemas detectados nos cursos técnicos é a baixa qualidade do ensino básico que os trabalhadores demonstram quando sentam nas cadeiras do Senai ou quando tentam vaga de emprego na indústria. “É um problema sério, pois o governo não faz a parte dele. As pessoas não conhecem bem o português e a matemática. É uma vergonha para a sétima economia mundial”, comentou o presidente da Fiemt.
O tema, inclusive, foi debatido 6º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 26 de outubro. A falta do mínimo de qualidade escolar tem impedido a expansão das indústrias brasileiras. Um exemplo da falta da educação básica ocorreu na Vale do Rio Doce, a segunda maior mineradora do mundo. Ela abriu 600 vagas para aprendizes no Pará, mas conseguiu selecionar apenas 200 candidatos.