Relatório mostra pagamento de propina a três ‘figurões’ da CBF

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O extenso relatório sobre as negociatas de J. Hawilla, dono da Traffic, publicado nesta quarta-feira pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, revela que três pessoas receberam propina pelo acordo dos direitos comerciais da Copa do Brasil entre 2015 e 2022. A investigação não cita os nomes dos suspeitos — chama-os de Co-Conspirator (co-conspiradores) junto aos números 13, 14, 15 e 16 —, mas explica como funcionou o esquema de pagamento.

Pelas informações dadas pela Justiça norte-americana, J. Hawilla pagou propina para três altos dirigentes da CBF para dividir os direitos sobre a competição. O intermediário era um concorrente que aceitou repassar parte do negócio para a Traffic.

Pelos documentos, a descrição dos envolvidos tem enorme semelhança com os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira (à época já fora da entidade e morando nos EUA) e José Maria Marin, o atual (Marco Polo del Nero) e o ex-mandatário do Flamengo e dono da empresa de marketing Klefer, Kléber Leite, que disputou com a Traffic os direitos comerciais da Copa do Brasil.

Em sua segunda versão do relatório, a Justiça norte-americana confirmou que um dos Co-Conspirador é José Maria Marin, preso nesta quarta na Suíça. Além disso, através de documentos da CPI do Futebol comparados à investigação do FBI, está confirmado que o Co-Conspirador #13 é Ricardo Teixeira, tudo por causa de um contrato fechado com a Nike.

Segundo a investigação, em 8 de dezembro de 2011, a “Empresa de Marketing Esportivo C” entrou na disputa com a Traffic, já parceira da CBF, pelos direitos comerciais da Copa do Brasil para depois do fim do acordo com a empresa de J. Hawilla (2014), oferecendo R$ 128 milhões pelos direitos.

Na época, o jornal Lance! publicou que a Klefer, empresa de Kléber Leite, foi a vencedora na disputa pela compra dos direitos comerciais da competição.

“A assinatura do contrato mencionado levou a uma disputa entre Hawilla e Co-Conspirador #14, um executivo-sênior de Empresa de Marketing Esportivo C”, explica o relatório.

Veja o fluxograma do crime no futebol segundo o FBI© Arte/ESPN.com.br Veja o fluxograma do crime no futebol segundo o FBI
“Por volta de 15 de agosto de 2012, a Traffic Brazil e a Empresa de Marketing Esportivo C celebraram um acordo para reunir seus direitos comerciais para edições futuras do torneio, de 2013 a 2022, e dividir igualmente os lucros. Como parte do acordo, a Traffic Brazil também acertou pagar 12 milhões de reais para a Empresa de Marketing Esportivo C durante o curso do contrato”, continuou.

Então, o relatório explica como foi organizado o pagamento da propina.

“Co-Conspirador #14 informou Hawilla que ele tinha acertado pagar uma propina anual para o Co-Conspirador #13. Co-Conspirador #14 informou Hawilla que ele tinha viajado para os Estados Unidos em algum momento para discutir a questão com o Co-Conspirador #13. Co-Conspirador #14 informou Hawilla que o pagamento da propina subsequentemente aumentou quando outros membros da CBF, especificamente, Co-Conspirador #15 e Co-Conspirador #16, requereram também os pagamentos de propina. Hawilla aceitou pagar metade do custo dos pagamentos de propina, o que totalizou 2 milhões de reais por ano, para serem divididos entre Co-Conspirador #13, Co-Conspirador #15 e Co-Conspirador #16”, disse.

Na segunda parte do relatório, a Justiça dos EUA mostra uma conversa entre Marin (citando o nome do ex-presidente da CBF) e o Co-Conspirador #2, dono e fundador da Traffic (no caso, J. Hawilla), em abril de 2014 para a entrevista sobre a Copa América junta de 2016 entre Conmebol e Concacaf.

Nela, o dirigente discute com Hawilla sobre os pagamentos de propina a ele e ao Co-Conspirador #12 (membro da CBF, da Conmebol e da Fifa) quanto ao esquema da Copa do Brasil. “Em certo momento, quando Co-Conspirador #2 pergunta se era realmente necessário continuar pagando propina ao antecessor de Marin como presidente da CBF (Ricardo Teixeira), Marin diz: “Chegou o momento de, de isso vir ao nosso encontro. Verdade ou não?” Co-Conspirador #2 concordou, afirmando: ‘É claro, é claro, é claro. Esse dinheiro tinha que ser dado a vocês’. Marin concordou: ‘É isso, está certo'”.

Os perfis oferecidos pelo relatório do Departamento de Justiça dos EUA sobre os Co-Conspiradores são os seguintes:

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