O pedido de expulsão proposto pela Comissão de Ética do PT contra a ex-senadora Serys Slhessarenko por infidelidade partidária será colocado em julgamento no domingo (30) pelos 47 integrantes do diretório estadual. Uma reunião está programada para começar às 13h no Hotel Paiaguás, localizado na avenida do CPA.
Todos têm direito a voto e poderão apresentar suas argumentações favoráveis ou contrárias à saída de Serys do quadro petista. Nos bastidores, o clima é tenso no partido porque a maioria do diretório é composta por aliados do ex-deputado federal Carlos Abicalil.
Na mira da punição por desobediência a ordem partidária, ainda está o vereador por Cuiabá, Lúdio Cabral, que pode ter sua filiação suspensa por seis meses, e a ex-deputada estadual e atual secretaria adjunta de Justiça e Direitos Humanos, Vera Araújo, a Verinha, pelo período de três meses.
A sugestão de penalidade mais branda é de uma simples advertência por escrito a suplente de deputado estadual Eroisa Mello.
Enquanto corre o risco de ser expulsa, Serys também já recebeu sondagens para se filiar no PSD, PDT, PCdoB e PV. No entanto, a ex-parlamentar declara que vai lutar até o último momento para permanecer no PT.
Histórico
Ao ser derrotada nas prévias do PT para escolha do candidato ao Senado, Serys acusou Carlos Abicalil de traição e não incluiu o nome do correligionário em seu material de campanha.
Após ser preterida para concorrer a reeleição, Serys anunciou que abandonaria a vida pública, porém, influenciada pelo diretório nacional do PT, concorreu a deputada federal. Mesmo sendo a sexta candidata mais votada, perdeu a vaga pelos critérios de proporcionalidade.
Mesmo não assumindo publicamente, nos bastidores, Serys foi cabo eleitoral do ex-procurador da República Pedro Taques (PDT), que veio a ser eleito com votação superior a 700 mil votos. Para garantir discrição, Serys escalou familiares para trabalhar na campanha de Taques.
Embora tenha incluído em seu material impresso de campanha pedidos de votos aos candidatos Blairo Maggi (Senado) e Silval Barbosa (governo do Estado), não havia citação de Abicalil.
Houve até mesmo a tentativa de evitar pedido de votos a Abicalil na propaganda eleitoral da TV, embora a legislação defenda que o espaço no veículo de comunicação pertence ao partido e não ao candidato.
Por outro lado, meses antes da eleição de outubro, o vereador Lúdio Cabral anunciou da tribuna da Câmara de Cuiabá sua simpatia pela candidatura do então ex-procurador da República, Pedro Taques (PDT), ao Senado. Porém, na convenção partidária o PT decidiu apoiar Blairo Maggi e Carlos Abicalil.
Temor e perda de cargos
Conforme Midianews apurou, aliados da senadora Serys Slhessarenko estão temerosos com a possibilidade de expulsão e temem a debandada de filiados do PT, em especial do interior de Mato Grosso, caso tal punição seja concretizada.
Diante da possibilidade de enfraquecer-se ainda mais no cenário político, estão até mesmo tentando dialogar com o grupo de Abicalil para dimensionar o estrago que uma expulsão pode causar.
Sem representatividade política até em número de filiados, os petistas temem perder força no Palácio Paiaguás e perder o único cargo de primeiro escalão que controla sendo aliado do governador Silval Barbosa (PMDB): a Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
Com as articulações lideradas pelo presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, o PSD deve ter uma bancada de sete parlamentares, ou seja, com cacife suficiente para reivindicar a ocupação de um cargo de primeiro escalão.
Nos bastidores, comenta-se que o PSD reivindica a Secretaria de Educação do Estado (Seduc), pasta que administra orçamento superior a R$ 900 milhões e concentra número elevado de servidores públicos.
Um dos argumentos que seria encaminhado ao governador Silval Barbosa pela cúpula do PSD é que o PT mantém um único representante no Parlamento, o pecuarista Ademir Brunetto.
"É uma realidade que não podemos fugir. O PT não pode perder o único cargo de primeiro escalão por brigas internas. Daí, vai acabar de vez", disse uma fonte petista.