Os bloqueios de caminhoneiros nas estradas federais estão se concentrando cada vez mais na região Sul do País. Segundo o último balanço da PRF (Polícia Rodoviária Federal), às 19h havia 88 interdições ativas em rodovias federais no Brasil — 74 delas, ou 84%, estavam nos Estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Segundo o PRF, o Paraná tinha 19 bloqueios em estradas federais e Santa Catarina, 21.
Já o Rio Grande do Sul era o Estado mais afetado pelos protestos, com 34 interdições às 19h. No entanto, o número de bloqueios no Estado é bem maior, já que o levantamento do PRF considera apenas as rodovias federais. Somando-se aos dados do Comando Rodoviário da Brigada Militar, oscaminhoneiros travam mais de 80 pontos no Rio Grande do Sul.
Além dos três Estados, o balanço da PRF mostra dez bloqueios no Mato Grosso, três na Bahia e um no Rio Grande do Sul, totalizando seis Estados com protestos ativos às 19h.
Veja aqui a lista completa de rodovias federais com bloqueios.
Multas
Os protestos continuam nas rodovias federais mesmo após o governo anunciar, na noite de quarta-feira (25), que havia chegado a um acordo com empresários e caminhoneiros para pôr um fim aos bloqueios.
Em reunião ontem, o governo federal prometeu: sancionar, sem vetos, a Lei dos Caminhoneiros (que garante direitos trabalhistas à categoria); prorrogar por 12 meses o pagamento de caminhões por meio do Programa Procaminhoneiro; a criação, por meio de negociação entre caminhoneiros e empresários, de uma tabela referencial de frete; e o não reajuste do preço do diesel pelos próximos seis meses.
A proposta foi apresentada logo após a AGU (Advocacia-Geral da União) conseguir uma decisão na Justiça obrigando a liberação das estradas em 11 Estados.
Como os protestos continuaram durante esta quinta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, convocou entrevista coletiva para anunciar que a PRF passaria a multar os caminhoneiros que mantivessem os bloqueios. Asmultas variam de R$ 5.000 a R$ 10 mil por hora.
Os agentes policiais inclusive enviariam à AGU a identificação dos caminhoneiros, para que eles respondessem também judicialmente.
“Política burra”
Como o movimento dos caminhoneiros não possui uma liderança única, a proposta do governo acabou dividindo aqueles que se dizem representantes da paralisação.
Segundo o presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, que participou da reunião de quarta em Brasília, a proposta foi aceita.
Mas o empresário Ivar Luiz Schmidt, do recém-criado Comando Nacional do Transporte, que não participou da reunião com o governo, negou o acordo já na noite de quarta, dizendo que os protestos continuavam.
Em entrevista ao R7 na noite desta quinta, Schmidt, que é natural de Santa Catarina mas é proprietário de uma transportadora em Mossoró, no Rio Grande do Norte, disse que o governo vem fazendo uma “política burra”.
O empresário não quis se apresentar como líder do movimento, afirmando que seu objetivo é sair de Brasília com as demandas aprovadas. Ele afirma que a mobilização ocorre sobretudo pelo WhatsApp.
A principal pauta do Comando é o frete mínimo, que estabelece um pagamento de R$ 0,70 por eixo e por quilômetro rodado.
Schmidt — que repetidas vezes afirmou que o Comando é apartidário — está recebendo o apoio de pelo menos dois deputados em Brasília, Covatti Filho e Jerônimo Goergen, ambos do PP-RS.
O empresário disse ainda que está em contato com caminhoneiros nos três Estados do Sul do País, onde os bloqueios ganharam força nesta quinta.
— Nesta quinta o governo se deu conta de que está negociando com as pessoas erradas. A gente está acompanhando as movimentações do governo e aguardando um sinal verde para iniciar as negociações.