PREVISÕES POLÍTICAS Crise deve ‘quebrar’ municípios este ano

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Keka Werneck/ GD


Os “astros” – governo federal, estadual e municipais – estão desalinhados e a crise política, econômica e institucional, que se abateu sobre o país em 2013 e se estende até os dias de hoje, vai ser sentida este ano, mais fortemente, nos municípios.

Isso quer dizer que a “onda da crise” que quebrou os Estados em 2016 deve fazer estragos agora nos municípios, principalmente os menos auto-suficientes.

Esta é a opinião de dois analistas políticos com quem o GD conversou na manhã desta segunda-feira (2), primeiro dia útil do ano.

A Gazeta

Professor João Edisom e analista Onofre Ribeiro veem cenário preocupante.

“O país está desalinhado. O presidente Michel Temer, do PMDB, vai cumprir um mandato que inicia com uma ruptura com um grupo que o elegeu e terá que construir uma ponta dificílima de transição, após o principal fato político que marcou a história do país, neste momento em que tem reconhecimento no cenário mundial”, destaca o jornalista Onofre Ribeiro.

Para ele o impeachmente da petista Dilma Rousseff foi o fato mais marcante da história do Brasil. 
Ele vê um país instável, estados quebrados e municípios super dependentes de verbas federais como o FEX e o FPE – repasses que devem ser imprevisíveis este ano.

Diz que o governador Pedro Taques (PSDB) há dois anos foi eleito com a intenção de fazer um tipo de governo de transformação, mas diante da máquina desorganizada e contaminada por corrupção, “precisou primeiro arrumar a casa”.


Pinheiro e demais prefeitos correm risco de serem taxados de impopulares.

Nesta segunda fase de governo, “terá que inventar um outro governo”.

Já o peemedebista Emanuel Pinheiro, que acaba de tomar posse como prefeito de Cuiabá, na visão de Onofre Ribeiro, terá que administrar com pulso firme, demitir comissionados, aumentar impostos “e cortar coisas do arco da velha se quiser pagar salários em dia”.

Ele vê risco de atraso salarial e, no final de 2017, possível comprometimento do 13º salário.
Neste contexto complicado, as três esferas, para Onofre Ribeiro, só devem dialogar na dor.

A dor política que o brasileiro está sentindo e ainda vai sentir em 2017, para o professor de Política na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), João Edisom, talvez deixe uma lição.

“A lição de que não queremos mais ser corruptos, porque o brasileiro é corrupto, por isso as instituições são”, critica.


Governo de Temer é ‘sem noção’, diz João Edisom.

Ele lamenta o fato do PT de Dilma Rousseff, após impeachment, nunca ter vindo a público citar o PMDB como o pior da política brasileira e lamentar o fato de ter se aliado com a sigla. “Temer foi eleito pelo PT”, ressalta o professor.

Sobre o governo de Temer, ele diz que é “totalmente sem noção e sem rumo”, que toma atitudes no galope e volta atrás e isso só confirma a fase de instabilidade política que estamos vivendo e que impacta nas instituições e no econômico.

Se os estados estão em situação complicada, para ele agora será a vez dos municípios sentirem a crise financeira. “São os primos pobres”, compara.

Para ele, os prefeitos que tomaram posse neste domingo (1) correm risco de serem taxados de impopulares, já que, sem verbas federais, terão que aumentar IPTU e outros impostos e taxas municipais e travar brigas com as câmaras de vereadores.

João Vieira/A Gazeta

Taques terá que se reinventar, acredita Onofre Ribeiro.

Devem ficar fora desta situação mais drástica os municípios auto-suficientes, que em Mato Grosso são os localizados no cinturão do ouro verde, a soja.

Fora daqui, Edisom cita os municípios de regiões petrolíferas e de grande potência industrial.
Mas, segundo ele, de 5.569 municípios brasileiros, “os auto-suficientes todos juntos não chegam a 100”.
 

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