Prefeito, vereadores e magistrado têm áreas em Suiá-Missú

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A Terra Indígena de Marãiwatsédé, em Alto Boa Vista (1.059 km a Nordeste de Cuiabá), que passa por processo de desocupação pelos não índios desde o dia 10 de dezembro, é um foco de latifúndios, com boa parte de suas terras pertencentes a grandes fazendeiros, políticos, empresários e, até mesmo, um magistrado.

As informações constam de documento em poder do Ministério Público Federal, a cuja cópia oMidiaNews teve acesso.

O plano de desintrusão das forças de segurança prevê que a desocupação seja feita, primeiro, nas propriedades com maior extensão, mas com número reduzido de pessoas. 

A Fazenda Jordão, primeira a ser desapropriada na área xavante e palco de confronto entre moradores e forças de segurança, é considerada a maior propriedade particular da área, com 6,1 mil hectares. Pertence a Antônio Mamed Jordão, ex-vice-prefeito de Alto Boa Vista. 

Mamed faz parte de um pequeno grupo de pessoas que têm a maior parte das terras dentro da reserva indígena. Juntas, essas propriedades somam 32,8 mil hectares, ou seja, 19,8% dos 165 mil hectares da área xavante. 

Segundo dados da Justiça Eleitoral referentes a 2008, Mamed tem patrimônio declarado de R$ 4,5 milhões.

Entre os políticos que figuram na lista dos “latifundiários”, está o ex-prefeito de Alto Boa Vista, Aldecides Milhomem de Cerqueira, cassado em 2011 do cargo, e cujo patrimônio é de R$ 2,8 milhões. Ele é dono da Fazenda Azulona, de 1,1 mil hectares.

O irmão dele, Antônio Milhomen de Cerqueira, também tem propriedades na área. Ele é o dono de 5 fazendas (Canal III, Represinha, Canal, Canal IV e Santa Maria), que, juntas, somam 1 mil hectares.

O prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro, candidato derrotado à reeleição em 2012, tem duas fazendas na reserva indígena – Aripuanã e Estância Saraiva e Rancho. Somadas, têm 565 hectares. À Justiça Eleitoral, ele declarou patrimônio de R$ 682,7 mil. Ele foi um dos que participaram de uma reunião, em 1992, que teve o objetivo de "planejar" a ocupação da área, que eles sabiam ser indígena. Leia mais AQUI.

Além de políticos, o nome de um membro do Poder Judiciário de Mato Grosso consta da lista de donos de terras na região. O desembargador Manoel Ornellas de Almeida, do Tribunal de Justiça do Estado, é apontado como suposto dono da Fazenda São Francisco de Assis, com 886,8 hectares.

Vereadores e ex-vereadores


O ex-vereador por Alto Taquari, Admilson Luiz de Rezende, tem as fazendas Boa Vista I e Bela Vista II. Juntas, as duas propriedades somam 1,9 mil hectares.

A segunda maior propriedade da região, a fazenda Conquista, tem 4 mil hectares e pertence ao vereador por Rondonópolis, Mohamad Khalil Kaher (que tem patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 390.654), e ao produtor rural Claudimir Guareschi. 

O também ex-vereador por Alto Boa Vista, Raimundo Carlos Alves Coimbra, é dono da fazenda São Raimundo, de 122 hectares.

Produtores rurais

Os grandes produtores rurais detém os maiores hectares de terra de Marãiwatsédé. 

Entre eles, está Gilberto Luiz de Rezende, o ‘Gilbertão’, apontado com o responsável pela entrada dos posseiros na reserva indígena. Sua fazenda, a Guanabara, tem 2,6 mil hectares.

Confira abaixo a lista com os nomes de outros produtores, segundo o MPF:

Antônio Penasso – Fazenda Colombo, 3,7 mil hectares
Naves José Bispo, morador de Goiânia (GO) – Fazenda Vida Nova, 1 mil hectares.
Nair Iris Bispo Alves – Fazenda Trianeira, 968 hectares
Sebastião Ferreira Prado – Fazenda Cristo Rei, 1,2 mil hectares
Sebastião Ferreira Mendes – Fazenda Riacho Bonito, 2,4 mil hectares
José Donizete Boldrin – Fazenda Chave de Ouro, 3,6 mil hectares
Elvira Coelho Coutinho – Fazenda Alto Alegre, 1,1 mil hectares
Joaquim Leopoldino de Freitas – Fazenda independência, 1,5 mil hectares
José Borba de Castro – Fazenda Ribeirão da Cabaça, 1 mil hectares
Maximino Antônio Fedel – Fazenda Estrela, 1,1 mil hectares
Neivo Spigosso – Fazenda Santo Expedito, 1,3 mil hectares
Osmarir Luiz da Mota – Fazenda Araguaia, 1,8 mil hectares

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