População de Paris ainda não saiu às ruas para comemorar vitórias francesas

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Nas quartas de final, porém, país deverá se envolver em partida que terá caráter histórico

Os habitantes de Paris parecem estar mais envolvidos com os cafés, os museus e a rotina da cidade do que com a campanha da seleção francesa na Copa do Mundo no Brasil. Na França, o torcedor costuma ser assim. Ligado à seleção de uma maneira pouco nítida, como um quadro impressionista.

Mas a relação vai surgindo com contornos mais fortes a cada passo que Les Bleus dão rumo à final. Enquanto caminhava pela bucólica Boulevard Montmartre, Emmanoel Pelege, um francês que já mora há cerca de sete anos no Brasil, testemunhou esta situação após a vitória da França sobre a Nigéria, por 2 a 0, nesta segunda-feira (30), quando já era noite na “Cidade Luz”. 

— Vejo alguns torcedores com a camisa da França, mas não é algo muito numeroso. As ruas estão vazias, quase ninguém saiu para comemorar.

“Por que nós teríamos medo da Alemanha?” , diz o meia francês Pogba

Essa situação fez Pelege relembrar a trajetória francesa na Copa de 1998, quando a seleção de Zidane e cia. ficou com o histórico título, o único do país em Mundiais. Naquela ocasião, o frenesi com a conquista foi imenso, com torcedores lotando a Champs élysées até a madrugada, contagiando o país inteiro.

—Engraçado, agora me lembro que naquela Copa também foi assim nas oitavas. A festa começou de verdade a partir das quartas, quando eliminamos a Itália nos pênaltis. Desta vez será assim também. Os franceses estão esperando as quartas para começar as comemorações.

O próprio Pelege, diretor financeiro de uma empresa de seguros, é um exemplo deste fenômeno. Ele assistiu ao jogo em Paris, mas pretende estar no Brasil para acompanhar do Maracanã a partida entre França e o vencedor do jogo entre Alemanha e Argélia.

—Estou fazendo de tudo para conseguir um ingresso e tenho muitas esperanças de que vai dar certo. Já estou preparando minha ida ao Rio de Janeiro.

Questões históricas
Na próxima fase, já que com o resultado a França chegou às quartas, Pelege acredita que a disputa atrairá o interesse do país de uma maneira ainda mais intensa do que a costumeira, pois envolverá questões históricas e políticas. Em qualquer uma das opções.

—Será um jogo contra um ex-inimigo, como é o caso da Alemanha, ou contra uma ex-colônia, se for a Argélia. Nos dois casos será uma super-partida.

No caso de o adversário ser a Argélia, outro fator curioso entrará em questão. Alguns jogadores nasceram na Argélia e se tornaram franceses, após a Guerra de Libertação da Argélia do domínio francês, ocorrida entre 1954 e 1962. Zinedine Zidane, por exemplo, é filho de argelinos.

Por coincidência, havia até um jogador chamado Zidane na seleção da Argélia que jogou na Copa de 1986. A família de Benzema também tem origem argelina. Mas Pelege não acredita que esta ligação irá atrapalhar a atuação da equipe.

—Não jogamos bem contra a Nigéria. A França poderia ter controlado o jogo muito antes dos 20 minutos do segundo tempo. Mas, de maneira geral, estamos indo bem. E qualquer equipe que jogar nas quartas pode ficar com o título. Benzema tem nacionalidade francesa, escolheu jogar pela França e não há dúvidas de que irá se esforçar por uma vitória francesa.

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