Após três horas de reunião a portas fechadas, a bancada do PMDB da Câmara dos Deputados anunciou que atuará nas votações de forma independente ao governo e divulgou uma nota “exortando” a Executiva nacional do partido a debater a crise política e “reavaliar a qualidade da aliança com o PT”.
Na reunião, recheada de críticas à atuação do vice-presidente da República, Michel Temer, os peemedebistas concordaram que votarão pela convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, nas comissões onde há requerimento e que apoiarão a aprovação de um convite para que a presidente da Petrobras, Graça Foster, venha à Casa explicar as denúncias de pagamento de propina a funcionários da estatal.
Na nota, os deputados da bancada manifestaram apoio ao líder Eduardo Cunha (RJ) e ressaltaram que ele continua sendo o único interlocutor da bancada perante outras esferas.
— Se ela [Dilma] quiser ouvir a bancada da Câmara, terá de falar com a bancada da Câmara.
Os peemedebistas também reafirmaram a intenção de não indicar nomes para a reforma ministerial e ainda agradeceram a posição do PMDB do Senado em não indicar os senadores Vital do Rêgo (PB) e Eunício Oliveira (CE) para os ministérios.
— O Senado se recusou a indicar.
Segundo o líder, a cada semana a bancada discutirá sua posição conforme as matérias que estiverem em pauta. Para os próximos dias, os deputados do PMDB decidiram que manterão a oposição ao projeto do Marco Civil da Internet e que votarão pela criação da Comissão Externa para acompanhar as investigações contra a Petrobras na Holanda.
— A crise está presente, ninguém está escondendo que a crise existe.
Cunha ressaltou que não cabe à bancada discutir o rompimento da aliança com o PT em nível nacional, embora a maior parte dos deputados tenha defendido a ruptura na reunião.
— O que está em discussão é a qualidade da aliança.
O peemedebista falou em “insatisfação generalizada” dos parlamentares com a ação “hegemônica” do PT nos palanques regionais.
Questionado sobre a declaração no Chile da presidente Dilma Rousseff, que afirmou que o PMDB só lhe dava “alegrias”, Cunha atribuiu a afirmação à lealdade do PMDB nas votações.
— O PMDB até hoje não faltou com a lealdade ao governo.