A Polícia Federal vai investigar a suspeita de fraude cometida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em inquérito conduzido pelo delegado Márcio Pieroni. O policial, que foi afastado do cargo, sustentava a possibilidade de o juiz Leopoldino Marques do Amaral, encontrado morto em 1999, após denunciar venda de sentenças no Judiciário, estar vivo e morando na Bolívia.
A instauração do inquérito pela PF atende a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e será conduzido pelo delegado Renato Fayel. A investigação está em curso desde o dia 17 de março e deverá ser concluída no prazo de 30 dias, mas, não está descartada a possibilidade de prorrogação por igual período.
A tese levantada pela Polícia Civil, de que Leopoldino Marques do Amaral estaria vivo e morando na Bolívia, é considerada pela Justiça Federal uma farsa para impedir a ida ao júri popular do empresário Josino Guimarães, acusado de ser o mandante do assassinato.
No início de março, o juiz da Vara de Combate ao Crime Organizado, José Arimatéia, autorizou a exumação do cadáver, diante da suspeita de que o magistrado estaria vivo. O procedimento atendeu pedido do delegado da Polícia Civil Márcio Pieroni, no entanto, foi anulado pela Justiça, via liminar, sob o argumento de que a investigação compete exclusivamente à esfera federal.
No dia 24 de março, o episódio ganhou reviravolta, com a decisão do juiz da 7ª Vara Federal, Paulo Sodré, de anular todas as provas produzidas pela Justiça estadual nas investigações referentes à morte do juiz Leopoldino, diante dos indícios de farsa arquitetada pela Polícia Civil e desembargadores, com o intuito de livrar a responsabilidade de Josino Guimarães. A Justiça estadual ainda foi afastada do caso.
Histórico
A investigação pela Polícia Civil de que o juiz Leopoldino estaria vivo começou em novembro do ano passado, mesmo mês em que Josino perdeu o último recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de transferir o processo de homicídio para a Justiça estadual.
Pieroni iniciou as investigações apontando que Abadia Paes Proença e Luziane Pedrosa da Silva eram ameaçados por José Roberto Padilha da Silva. Ela teria mantido uma ligação íntima com o magistrado e o teria encontrado na Bolívia, além de ser presenteado pelo juiz com um carro e um apartamento.
Roberto teria feito ameaças de morte contra Abadia, que está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), para que parasse de falar do envolvimento dele com o juiz.
O detento é acusado de participação no latrocínio da advogada Ana Antônia Cunha, em julho passado, no bairro Araés, em Cuiabá.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com o delegado Márcio Pieroni, porém, informou que não iria comentar nada a respeito.