Pela primeira vez no comando de garotas, Ênio Vecchi pode pedir “subsídios” a Zé Roberto e Bernardinho

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Ênio Vecchi ficou surpreso com o convite para dirigir a seleção feminina de basquete, mas se sente pronto para encarar o desafio. Com mais de três décadas no esporte e acostumado a comandar equipes masculinas, o técnico de 51 anos nunca esteve à frente de um time feminino e se prepara para conseguir “subsídios” com técnicos que já viveram a experiência e conhecem as diferenças das duas categorias – caso de José Roberto Guimarães e Bernardo Resende, o Bernardinho, do vôlei.

 

A seleção feminina vem apenas do nono lugar no Mundial da República Tcheca, entre setembro/outubro do ano passado. O título conquistado pelos Estados Unidos, que valeu vaga para a Olimpíada de Londres-2012, ajudará o Brasil na luta pela única vaga em jogo no Pré-Olímpico das Américas, marcado para setembro, em Neiva, Colômbia.

Sem as norte-americanas na disputa, as principais adversárias deverão ser as seleções do Canadá, da Argentina e de Cuba.

Nesta entrevista exclusiva ao R7, Ênio Vecchi fala de seus planos como novo técnico da seleção brasileira feminina de basquete.

R7 – Já que será uma experiência nova, qual sua expectativa quanto a dirigir um time de garotas?

Ênio Vecchi – Tive uma pequena experiência com a seleção que foi campeã no Mundial da Austrália-1994, dando uma assessoria, vamos dizer, ao Miguel Ângelo da Luz. Dirigia a seleção masculina que foi ao Mundial do Canadá e ao mesmo tempo coordenava a feminina. Antes do Mundial Feminino, falava um pouco com o Miguel sobre a parte tática. Mas nunca tive o contato direto, o trabalho do dia a dia.

R7 – Outros técnicos estiveram na mesma situação.

Ênio Vichi – Então, vou procurar subsídios. Pode ser mesmo com o Zé Roberto, o Bernardinho, por que não? Tudo o que tiver de informação será bom, para iniciar esse relacionamento com as meninas. Já tenho o apoio da Janeth [Janeth Arcain, ex-jogadora e técnica da seleção sub-19], da Hortência (Hortência Marcari, ex-jogadora e diretora de Seleções Femininas da CBB, a Confederação Brasileira de Basquete].

R7 – Além do relacionamento, também é imensa a diferença com relação à parte física e, por consequência, à técnico-tática, não?

Ênio Vecchi – Sim, o relacionamento é fundamental, mas acredito que, mesmo sendo diferente, não terei dificuldades. Agora, quanto ao aspecto técnico-tático, estive com os olhos voltados para o masculino, que tem um jogo mais físico, mais forte, mais corrido, com deslocamentos mais bruscos, onde os saltos aparecem muito.

R7 – A diferença de um time masculino é enorme, para o feminino.

Ênio Vecchi – Sim, a diferença é muito grande. Tenho de me acostumar a uma nova visão, com paciência. O feminino exalta detalhes técnicos. Os detalhes técnicos aparecem mais e penso que temos de aprimorar essa parte técnica, refinar fundamentos. O jogo é mais técnico, de habilidades.

R7 – Qual é o planejamento da seleção feminina para 2011? Você segue dirigindo o Vitória Basquete/Crece na Liga Nacional de Basquete – então quando começa o trabalho com as meninas? E onde serão os treinos?

Ênio Vecchi – Todo o planejamento está sendo feito pela Hortência. Acredito que em fim de maio, começo de junho estaremos reunindo o grupo para o Pré-Olímpico em setembro, em Neiva, na Colômbia. Vamos treinar em Jundiaí, provavelmente a partir de maio.

Marcação agressiva e velocidade

R7 – Que “cara” você imagina que terá sua seleção nesse Pré-Olímpico?

Ênio Vecchi – Deveremos levar algo do masculino, no aprimoramento da velocidade, da defesa mais agressiva. O basquete feminino caminha para isso, marcação e velocidade, como já vimos no Mundial da República Tcheca. Vamos implantar isso e potencializar o que já temos de bom.

R7 – E com quem será a briga pela vaga?

Ênio Vecchi – Acredito que com Canadá, Argentina e Cuba, já que os Estados Unidos já estão classificados, pelo título do Mundial. Temos condições de competir pela vaga.

R7 – O momento também será de renovação?

Ênio Vecchi – É um dos objetivos, mas faremos toda essa avaliação com o corpo técnico da CBB, com a Janeth, que já tem atividades agora em janeiro com a seleção sub-19, e também acompanhando os campeonatos internacionais com as jogadoras que atuam fora do Brasil. Antes, eu estava de “espectador”. Agora terei um olhar técnico, geral, observando as mais novas com potencial que aparecerem, promovendo para a seleção adulta.

R7 – Mesmo porque também já é preciso pensar na Olimpíada do Rio de Janeiro-2016…

Ênio Vecchi – Exatamente. Temos de pensar também. Resultados agora são importantes, mas o legado é muito importante. Precisamos tirar essa defasagem da seleção feminina e a Hortência está planejando tudo isso, pensando na frente. Porque as garotas do basquete brasileiro são heroínas. O número de jogadoras no país ainda é muito restrito – e elas conseguiram grandes resultados -, ao contrário de lá fora, onde há massificação.

Surpresa e felicidade

R7 – Você terá função parecida com a do argentino Rubén Magnano, que além de dirigir a seleção masculina também trabalha para implantar uma filosofia em todas as categorias, da base à seleção adulta?

Ênio Vecchi – Estarei acompanhando, mas ainda não entramos em detalhes quanto a um planejamento mais globalizado. Ainda vamos fazer uma primeira avaliação, mas também acredito que possa contribuir, com minha experiência, na capacitação de técnicos novos.

R7 – Você ficou surpreso pelo convite?!

Ênio Vecchi – Fiquei. Não esperava. E fiquei também muito feliz pela lembrança, pela confiança. Eles queriam um técnico com perfil internacional e tive algumas “horas” para pensar… Mas não tinha motivo para declinar do convite, do qual a gente tem de se orgulhar, pela importância do cargo. Só se declina de um convite desses se há um motivo muito sério. Eu não tinha.

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