SÃO PAULO/BRASÍLIA – O Brasil registrou saída líquida de US$ 5,850 bilhões em agosto, o maior déficit para o mês em 15 anos, resultado do forte saída de recursos da conta financeira para o pagamento de empréstimos contratados por bancos no exterior em meados de 2011 que venceram no mês passado.A conta financeira – por onde passam os investimentos estrangeiros em
portfólio, diretos, entre outros – registrou saída líquida de US$ 3,992
bilhões em agosto, enquanto a saída líquida pela conta
comercial foi de US$ 1,858 bilhão, informou o Banco Central nesta
quarta-feira.
O resultado do mês é o pior para meses de agosto desde 1998, quando
saíram do país US$ 11,786 bilhões, num momento em que o país passava por
forte turbulência diante da crise da Rússia que acabou levando à
desvalorização do real seis meses mais tarde. É também a maior saída
líquida desde dezembro do ano passado, quando o Brasil teve déficit de
US$ 6,755 bilhões.
“Ainda é cedo para dizer se a tendência persiste nos próximos meses.
Esse foi um mês atípico”, afirmou o economista da Rosenberg Associados,
Rafael Bistafa. “A tendência é de saída leve a moderada com alguma
volatilidade dependendo operações pontuais”, emendou Bistafa.
Em janeiro de 2011, o Banco Central fixou em US$ 3 bilhões o
limite da posição vendida dos bancos. Em julho, o limite caiu para US$ 1
bilhão. Para se ajustarem, na época, os bancos tomaram empréstimos, em
geral de dois anos e um dia, para fugir do IOF de 6% que vigorava na
época para captações externas de até dois anos.
O “grosso” dessas captações venceu na última semana de agosto e foi
liquidado, com envio de dinheiro para fora do País, o que impactou o
fluxo financeiro. Portanto, segundo o governo, não houve fuga de capital
no período.
(Com Agência Estado)