Depois de manter taxa em 7,25% ao ano desde 2011, Selic subiu 0.25 ponto percentual
Para combater a inflação alta, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu em reunião desta quarta-feira (17), em Brasília, aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 7,25% ao ano para 7,5% ao ano. O porcentual é utilizado como referência para o custo dos empréstimos aos consumidores e empresas.
Essa era a expectativa de economistas e analistas do mercado financeiro, que veem na alta dos juros uma tentativa de frear o aumento da inflação. Instituições consultadas pelo BC, por outro lado, acreditavam que a taxa seria mantida, pela quinta vez seguida, em 7,25% — o seu menor patamar na história.
Em declaração na última terça-feira (16), a presidente Dilma Rousseff disse que ogoverno não teria nenhum problema em atacar “sistematicamente” a inflação, embora não precise de juros tão altos como no passado para combatê-la.
Entenda a Selic
A taxa básica de juros é um instrumento do governo para segurar a oferta de crédito de bancos, financeiras e das próprias lojas, ou seja, para estimular ou frear o consumo e, assim, controlar o avanço natural dos preços.
Quando a Selic sobe, o dinheiro fica mais caro e a população pega menos empréstimos — para comprar desde casas, carros e eletrodomésticos até contratar serviços, entre outros. Assim, a escalada da inflação diminui.
Ela é chamada de taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como um piso para a formação dos demais juros cobrados no mercado, que são influenciados também por outros fatores, como o risco de quem pegou o dinheiro emprestado não pagar a dívida.
A Selic é usada nos empréstimos interbancários (entre bancos) e nas aplicações que os bancos fazem em títulos públicos federais. É a partir da Selic que as instituições financeiras definem também quanto vão pagar de juros nas aplicações dos seus clientes.
Ou seja, a taxa básica é o que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos, a um custo muito mais alto. Por isso, os juros que os bancos cobram dos clientes é superior à Selic.
As reduções da Selic provocaram uma queda nos juros cobrados pelos bancos aos consumidores e às empresas na hora de contratar empréstimos. Desde abril, as instituições financeiras vêm derrubando as taxas de operações de crédito como cheque especial, crédito consignado (descontado diretamente na folha de pagamento) e empréstimo para financiamento de veículos.
Copom
Para mudar o juro básico, a autoridade monetária debate, durante duas reuniões, as condições da economia doméstica e a situação econômica do exterior.
Na primeira reunião, que ocorreu na última terça-feira (16), os chefes de departamento do BC e o gerente-executivo de Relações com Investidores apresentaram análises sobre a inflação, nível de atividade econômica do País e evolução do mercado financeiro.
Da segunda sessão, nesta quarta-feira (17), participaram só o presidente e diretores do BC, todos com direito a voto, além do chefe do Depep (Departamento de Estudos e Pesquisas), sem voto.
Os diretores de Política Monetária e de Política Econômica analisam as projeções para a inflação e fazem recomendações para a taxa de juros de curto prazo, em seguida todos os diretores se manifestam e apresentam eventuais propostas alternativas.
Criado em junho de 1996, o Copom tem o objetivo de estabelecer as diretrizes de política monetária e de definir a taxa de juros, nos mesmos moldes do FED (Federal Reserve, o BC americano).