A Gazeta
Acompanhando o movimento nacional que luta pela liberação do uso da Fosfoetanolamina pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o grupo “Eu Abraço a Vida” se reuniu na Praça Alencastro, em Cuiabá, para falar sobre o medicamento, a importância dele na vida de quem luta contra o câncer e esclarecer dúvidas, bem como chamar a atenção do Judiciário.
Com cartazes, faixas, banners e distribuição de panfletos, o grupo de usuários, familiares e amigos lembraram que “quem tem câncer, tem pressa” e não há como esperar muito tempo a liberação do medicamento, uma vez que a luta contra a doença é também uma luta contra o tempo.
Líder do movimento em Cuiabá, Ádina Silva explica que a mobilização nacional será realizada amanhã (29), mas foi antecipada na Capital mato-grossense para chamar atenção de um número maior de pessoas. “No domingo a cidade fica deserta. Nas outras cidades a mobilização será em parques, onde bastante gente frequenta. Aqui não tempos isso e decidimos antecipar”.
Ádina pontua que a intenção dos manifestantes é mostrar ao STF a importância da “fosfo” antes de julgar o mérito da ação movida pela Associação Médica Brasileira (AML) para suspender a comercialização da pílula no dia 19 de maio. Em abril, a Presidência da República sancionou a lei que autorizava o uso da “fosfo”. “Por enquanto tem apenas uma liminar e queremos que o STF pense nos pacientes e nas famílias de quem tem a doença”.
Defensora da pílula, Ádina teve câncer de mama, duas recidivas da doença e metástase no pulmão. Recebeu o diagnóstico da segunda recidiva do câncer de mama em agosto de 2015 e entrou na Justiça para ter acesso à “fosfo”, que toma desde novembro. Os últimos exames demonstraram que a doença “desapareceu” e mantém os cuidados médicos. Agora, aguarda liberação do uso da medicação para fazer a manutenção. “Tenho pílula para mais uns 10 dias e estou preocupada. Mas sou a prova viva que a “fosfo” funciona”.
Marilene dos Santos Leite e João Corrêa também entraram na Justiça para adquirir a pílula para o filho Fábio, 26, que tem câncer no reto, fígado e cérebro.
O rapaz ficou internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) vários dias, com o quadro cada vez mais grave. Não se alimentava, não falava e não conseguia nem mesmo engolir a saliva. Começou a tomar o remédio em 12 de abril e já está em casa, se alimentando e melhorando.
Comercialização
Além de pedir a liberação do uso da Fosfoetanolamina, o movimento organizado pelo grupo “Eu Abraço a Vida” pede ainda que sejam feitos todos os testes necessários para a fabricação e disponilização comercial do medicamento. Os participantes alegam que não existe interesse dos pacientes em abandonarem o tratamento convencional, mas veem na “pílula do câncer” uma esperança a mais de vida.
Ádina Silva destaca que entende como importante os testes e aprimoramento do remédio, porém reforça que os pacientes em fase terminal não têm tempo a perder e não podem esperar todo esse trâmite.
“Defendemos o uso da fosfo por pessoas que estão sem esperança, desenganadas, que já receberam o pior diagnóstico possível. Tem muito médico que manda o paciente para morrer em casa, ou seja, não há mais o que fazer. Então, por que não deixar tomar a pílula?”.
Marina Corrêa de Moraes está entre os mato-grossenses que lutam para conseguir o medicamento. A mãe dela, Verônica, descobriu o câncer no estômago há cinco meses e não pode passar pelo procedimento cirúrgico.
“Ela tem problema cardíaco e não pode fazer a cirurgia. Sente muita dor e com frequência vamos parar na UPA com ela. Acreditamos que a fosfo daria uma qualidade de vida melhor para ela, não temos nenhum interesse em suspender quimio, rádio. Queremos apenas tentar tudo o que é possível”.
A liminar para a mãe de Marina foi concedida há dois meses, mas até o momento o remédio não foi liberado efetivamente, o que provoca angústia na família. “Se o STF deixasse a lei entrar em vigor, seria mais fácil para todos nós”.