Organização criminosa liderada por egresso do sistema prisional de MT aplicava dinheiro de golpes no mercado imobiliário

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Raquel Teixeira/Polícia Civil-MT 

Uma organização criminosa liderada por um egresso do sistema prisional de Mato Grosso, que fez vítimas com diversos golpes aplicados por meio de anúncios clonados e um site de compra e venda, foi desmantelada em uma investigação da Polícia Civil, por meio do trabalho da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que culminou com o cumprimento de 28 ordens judiciais de prisões, buscas e sequestro de bens durante a Operação Resarcire.

A organização criminosa tinha como base os estados de Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina, onde foram presos os líderes e principais agentes do grupo, que escolhiam como alvo vítimas de estados como a Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rondônia.

A partir de informações extraídas de um celular apreendido com o líder do grupo, enquanto esteve preso por tráfico de drogas em uma unidade de Cuiabá, a GCCO iniciou a investigação sobre os golpes de estelionato aplicados pela quadrilha, que era composta por cinco pessoas em funções de liderança, inclusive, a esposa do líder compunha a organização.

Esse pequeno grupo ficava responsável por aplicar os golpes, criar os anúncios, cooptar novos correntistas para receber os valores das vítimas e depois aplicar no mercado imobiliário o dinheiro proveniente do crime.

Durante a investigação, os policiais chegaram a mensagens do líder da Orcrim, que comprovam a lavagem de dinheiro com os valores obtidos com os golpes praticados pela quadrilha. Ele procurava imóveis para adquirir em Santa Catarina. O líder da quadrilha estava em liberdade condicional, monitorado por tornozeleira eletrônica, e foi preso preventivamente nesta quinta-feira.

O segundo grupo, formado por sete pessoas, operava como correntista e recebia em suas contas bancárias os valores dos golpes aplicados, que eram transferidos pelas vítimas. Em contrapartida ficavam com 5% do valor sacado. “Esses investigados eram a base da estrutura da pirâmide da organização criminosa, dando sustentação para a Orcrim e exercendo papel fundamental e indispensável para o sucesso nas empreitadas criminosas, sem as quais as aplicações dos golpes não se concretizariam”, explicou o delegado Vitor Hugo.

Modus operandi

Para aplicar os golpes, que chegaram a causar um prejuízo estimado em R$ 400 mil a vítimas, em apenas três meses, a quadrilha primeiro escolhia um anúncio de venda de veículos e o estado onde estava publicado. Depois, um dos criminosos comprava um chip de telefonia celular do estado correspondente ao anúncio. A próxima etapa era instalar aplicativos de mensagens e do site que publicava os anúncios usando o DDD local.

Com um número do estado onde era publicado o anúncio escolhido pela quadrilha, os criminosos então faziam contato com o vendedor do veículo e manifestavam interesse em adquirir o bem, dando preferências a carros e motocicletas. “Depois dessa etapa, eles usavam as informações do anúncio, mas inseriam daí o telefone do golpista para contato e colocavam no veículo um preço bem abaixo do valor de mercado, tornando-o assim, mais atrativo e para uma venda mais rápida”, explica o delegado Gustavo Belão, responsável pela investigação.

A negociação era feita com a vítima que estava vendendo o bem e também com o interessado na compra. Após a conclusão do negócio, o dinheiro da vítima que comprou o bem era transferido a uma conta dos integrantes da organização criminosa.

Apreensões

Doze prisões preventivas e temporárias e 15 mandados de buscas e apreensões foram efetuados nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande (MT), em Catanduvas e São José do Rio Preto (SP) e Balneário Camboriú (SC). As ordens judiciais foram decretadas pela 7a Vara Criminal de Cuiabá.

Dezesseis aparelhos celulares, 12 chips ainda lacrados de celular, uma pistola calibre 380 foram apreendidos durante as buscas domiciliares.

Seis veículos, entre eles um motorhome equipado e uma motocileta de alta cilindrada, também foram alvos das apreensões. Uma casa em um condomínio fechado em Cuiabá, que pertence ao líder da organização criminosa, teve a indisponibilidade decretada pela Justiça.

“Além de cessar a continuidade delitiva da organização, o objetivo da operação foi apreender a maior quantidade de bens em posse dos investigados visando o ressarcimento do prejuízo causado às vítimas”, finalizou o delegado Vitor Hugo.


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