A Polícia Federal cumpre nesta terça-feira quatro mandados de prisão preventiva e 40 de condução coercitiva de suspeitos de envolvimento com um esquema de fraude de perícias médicas em São Paulo e Campinas (SP). Segundo as apurações, médicos recebiam propina de empresas para forjarem laudos favoráveis a elas em ações trabalhistas. A operação, batizada de Hipócritas, é fruto de investigação do Ministério Público Federal com base em uma denúncia do Sindicato dos Metalúrgicos.
Os pagamentos indevidos seriam intermediados por escritórios de advocacia. As fraudes implicariam em perdas para trabalhadores afastados por doenças ou acidentes de trabalho, de acordo com as investigações. Segundo a procuradoria, o esquema funcionava pelo menos desde 2010 e foi descoberto em ações que tramitam nas varas do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, e no da 2ª Região, em São Paulo. O MPF informou que, entre as empresas envolvidas, estão multinacionais e gigantes do setor automobilístico.
A operação investiga a ocorrência de crimes de falsa perícia, corrupção de perito judicial, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro. Em um dos casos, os procuradores identificaram que um médico perito chegou a receber ou solicitar propina em mais de 100 perícias que estiveram sob a sua alçada.
O nome da operação é uma referência ao grego Hipócrates (460 a.C.-375 a.C.), considerado o pai da medicina ocidental, cujo célebre juramento impõe aos médicos o exercício da profissão com consciência e dignidade, tendo a saúde dos pacientes como a primeira preocupação.
